Doleiros extraditados ficarão no presídio de Benfica, o mesmo em que o ex-governador Sérgio Cabral está preso
Fabio Rodrigues Pozzebo/Agência Brasil
Doleiros extraditados ficarão no presídio de Benfica, o mesmo em que o ex-governador Sérgio Cabral está preso

Desembarcaram nesta quinta-feira (28) no Rio de Janeiro os doleiros Vinícius Claret (conhecido como Juca Bala) e Cláudio Souza. Os dois estavam presos desde março no Uruguai e foram extraditados para o Brasil a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) após a força-tarefa da Lava Jato no Rio apurar que a dupla atuou na operação de propina movimentada pela organização criminosa alegadamente chefiada por Sérgio Cabral (PMDB) no estado.

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Claret e Souza foram denunciados à Justiça Federal pelos crimes de evasão de divisas,  corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Eles ficarão presos preventivamente no presídio de Benfica, na zona norte da capital fluminense. A cadeia é a mesma onde já estão presos outros alvos da Lava Jato no Rio, entre eles o próprio ex-governador Sérgio Cabral , o ex-secretário Hudson Braga e os deputados Jorge Picciani e Paulo Melo.

Segundo o MPF, os doleiros operacionalizaram no período de 2003 a 2015 o envio de mais de US$ 85,3 milhões em recursos da organização criminosa para contas no exterior em países como os Estados Unidos, Bahamas, Suíça, Luxemburgo, Holanda e Mônaco. A atuação da dupla se deu após os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que trabalhavam para Cabral, perceberem que o volume de propina era tão grande que eles já não davam conta de enviar sozinhos os recursos para o exterior.

"A partir de 2007 o volume de propina recebida começou a ficar tão grande que os referidos doleiros não conseguiram mais encontrar pessoas no Brasil para fazer as operações fragmentadas de dólar cabo (entrega de reais no Brasil para que fossem creditados recursos no exterior). Dessa forma, os irmãos Chebar passam a contratar os serviços de outros dois doleiros Vinícius Claret (“Juca”) e Claudio Souza (“Tony/Peter”), que possuíam maior porte e estrutura para as operações”, explicaram os procuradores na denúncia oferecida no âmbito da Operação Eficiência.

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Primeira extradição da Lava Jato

As investigações também revelaram que Claret e Souza tinham "contato estreito" com a construtora Odebrecht, o que lhes facilitava receber para o grupo criminoso as propinas provenientes da empresa.

A extradição dos doleiros de Sérgio Cabral foi a primeira ocorrida no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. Em nota, o procurador Eduardo El Hage, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, exaltou o feito. “A prisão e extradição dos operadores financeiros mostra como as normas anticorrupção e as cooperações internacionais entre Estados estão se fortalecendo na América Latina”, disse.

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