Milhões de sobrinhos Brasil adentro já estão preparados para aturar aquele tio distante fazendo a inevitável piada do "pavê ou pra comer" durante a ceia de Natal na noite deste domingo (24) – ou madrugada de segunda (25), a depender da fome de quem estiver à mesa. Ao longo de 2017, os engravatados de Brasília e outros expoentes do cenário político brasileiro provaram que podem ser bem mais engraçados que a ultrapassada piada com a sobremesa natalina. Confira abaixo 12 momentos bizarros da política brasileira no ano:
1-) Já que o assunto é ceia, vamos relembrar um belo banquete
Em março, o setor agropecuário do País estremeceu após a deflagração da Operação Carne Fraca, que descobriu que proprietários de diversos frigoríficos pagavam propina a agentes de fiscalização para que eles fechassem os olhos para irregularidades no processamento de carne.
A descoberta levou importantes mercados internacionais a fecharem as portas para a carne brasileira, o que fez com que o presidente Michel Temer decidisse convidar embaixadores a uma churrascaria de Brasília
para demonstrar seu apreço ao produto nacional. Mas não deu muito certo: funcionários do restaurante escolhido revelaram que o local só trabalhava com carnes importadas.
2-) Ainda no tema comida, falemos agora de marmita
Nem só de churrascos viveram os políticos em 2017. Em julho, um grupo de senadoras da oposição ao governo ocupou a Mesa Diretora do Senado para impedir a votação da reforma trabalhista (que mais tarde foi aprovada).
As senadoras Gleisi Hoffmann (PT-RR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI) e Lídice da Mata (PSB-BA) chegaram a comer marmitas na Mesa Diretora durante o protesto , que só foi encerrado após várias horas de discussão.
Impedido de sentar em sua cadeira, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), tomou uma medida peculiar para encerrar o protesto: mandou desligar os microfones e a luz do plenário.
A marmita também já havia sido personagem de outro episódio, em maio, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro sobre o caso tríplex. A audiência durou quase cinco horas e o magistrado de Curitiba também lançou mão de uma 'quentinha' para aguentar a maratona.
3-) Então quer dizer que ninguém passou fome no mundo dos políticos?
Não. Recentemente, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho fez um "jejum" (ele se recusou a chamar de "greve de fome" pois alegou que o jejum "tem um propósito") no cárcere de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
A vida à base de água e soro caseiro era um protesto contra o juiz e o promotor eleitoral que atuaram em seu caso em Campos de Goytacazes, sua base política no estado. O protesto durou poucos dias, já que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liberdade a Garotinho nessa última semana. Nesse sábado (23), o ex-governador disse que o "jejum" deixou seu rosto "um pouco mais fino"
.
4-) Tatuagem e nudes de Wladimir Costa
O deputado Wladimir Costa (SD-PA) pediu e ganhou holofotes ao longo deste ano. O parlamentar exibiu uma 'tatuagem' em homenagem ao presidente Michel Temer às vésperas da votação sobre o prosseguimento da segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente. Dias após a votação, em agosto, ele confirmou que tratava-se de uma tatuagem de henna, que sai com água e sabão. O mesmo parlamentar foi flagrado pedindo nudes pelo celular a uma jornalista durante essa votação no plenário da Câmara.
5-) Dançarinos
A rejeição da denúncia contra Temer na Câmara também foi palco para outro episódio bizarro neste ano: a dança do então deputado Carlos Marun (PMDB-MS). O peemedebista foi filmado dançando animadamente no plenário e cantando uma paródia de "Tudo está no seu lugar", de Benito de Paula, com o verso "Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar". Hoje, Marun é o ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer.
Ainda no assunto dança, outro que se destacou no ano foi o ex-ministro José Dirceu. O petista foi solto da cadeia em maio deste ano e passou a cumprir prisão domiciliar. Em novembro, o político foi filmado dançando samba em uma festa em Brasília .
6-) Queijo e biscoito na cueca
Talvez você já considere bizarro um presidiário ser autorizado a deixar a prisão para exercer a função de deputado federal durante os dias. Agora, imagine então essa pessoa ser flagrada escondendo pacotes de queijo e de biscoitos na cueca ao retornar ao seu cárcere. Isso aconteceu com o deputado Celso Jacob (PMDB-RJ) . Ele perdeu o benefício de sair da cadeia e teve o salário suspenso na Câmara dos Deputados.
7-) Carta com fezes
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi surpreendido em junho ao receber em seu gabinete uma carta cujo conteúdo era: cocô. Isso mesmo. O envelope estava preenchido com folhas de papel higiênico usadas. Maia cobrou uma investigação da Polícia Legislativa sobre o caso.
8-) O cabelo de Rocha Loures
Preso em junho após ser filmado recebendo mala com R$ 500 mil enviados por executivos do grupo J&F, o ex-assessor de Temer na Presidência Rodrigo Rocha Loures fez apelo ao STF para que seu cabelo não fosse raspado na prisão.
Os advogados de Rocha Loures pediram que fossem "assegurados todos os direitos fundamentais não abrangidos pela decretação de prisão preventiva", citando como exemplo desses "direitos fundamentais" a preservação de suas madeixas.
9-) Rolland Garros de Lúcio Funaro
Ex-operador de Eduardo Cunha (PMDB) e responsável por uma série de denúncias contra a cúpula do PMDB (incluindo Temer), o lobista Lúcio Funaro conseguiu neste mês o direito de cumprir prisão domiciliar em seu sítio no interior de São Paulo.
Responsável por autorizar Funaro a sair da prisão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira foi surpreendido ao checar a lista de pessoas que o lobista indicou para poder visitá-lo em casa.
"Quem é Marcelo Andrade?", perguntou o juiz ao conferir os nomes. "É o irmão do meu médico. Ele joga tênis comigo. Como tem quadra de tênis na minha casa, deixei separada uma pessoa pra jogar comigo, se o senhor não se opor", respondeu Funaro.
O juiz se opôs. "Se não vai ficar uma festa na sua casa", justificou o magistrado.
10-) Cabral 'flamenguista'
Mesmo preso, o ex-governador do RJ Sérgio Cabral (PMDB) foi um dos grandes personagens do ano. Em seus depoimentos para o juiz federal Marcelo Bretas, Cabral experimentou encarnar o arquirrival do magistrado e depois tentou ser seu compadre.
Primeiro, o ex-governador bateu boca com o juiz ao fazer insinuações sobre a venda de bijuterias da família de Bretas. Depois, já em dezembro, o vascaíno Sérgio Cabral disse ao juiz que torceu para o Flamengo ser campeão da Copa Sul-Americana , cuja final acabou vencida pelo Independiente da Argentina. O Vasco da Gama garantiria uma vaga direta para a Copa Libertadores do ano que vem caso seu rival conquistasse o título disputado ontem.
"Não consigo acreditar. Mentir aqui é um problema", brincou o juiz Marcelo Bretas em resposta ao ex-governador.
11-) Pai de santo de Temer
Não dá para esquecer do presidente Michel Temer recebendo um passe, no último dia 19, de um homem que se apresenta como pai de santo , em plena convenção do PMBD.
No evento, onde foi oficializada a mudança de nome do partido para MDB (Movimento Democrático Brasileiro), Temer foi recebido por Pai Uzêda – uma figura folclórica que circula em eventos oficiais de Brasília – e um punhado de folhas de guiné para 'afastar o mau-olhado'.
Pai Uzêda disse, após o evento, que Temer está sendo vítima de "muita macumba". E que o "trabalho" feito contra o peemedebista era para matá-lo, por isso ele ficou doente.
12-) O apartamento que deveria guardar pertences do pai de Geddel
Um dos principais nomes do cenário político em 2017, o ex-ministro Geddel Vieira Lima ganhou as manchetes ao guardar R$ 51 milhões em espécie em um apartamento em Salvador (BA) . O dono do imóvel revelou que emprestou o local para Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), guardarem pertences de seu pai, falecido no início do ano passado.
Antes disso, o ex-ministro já havia chorado durante depoimento e chegou a dizer que ligou por engano para a esposa do lobista Lúcio Funaro ao tentar telefonar para a médica de seu filho. Geddel é acusado nesse caso de tentar intimidar a mulher de Funaro para evitar que ele firmasse um acordo de delação premiada.