Aloysio Nunes é um dos tucanos mais leais a Temer, tendo se virado contra colegas de PSDB para defender o presidente
Gerdan Wesley
Aloysio Nunes é um dos tucanos mais leais a Temer, tendo se virado contra colegas de PSDB para defender o presidente

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, garantiu que o PSDB não rompeu com o Planalto e que a legenda apoia o programa de governo de Michel Temer. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (30), após reunião da executiva nacional do partido em Brasília, e surge para rebater as declarações feitas ontem pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) , segundo o qual o governo já não compreende que ainda conta com o apoio tucano.

"O PSDB não rompeu com o governo. O partido apoia o programa do governo", garantiu o chefe do Itamaraty ao ser questionado por jornalistas sobre o posicionamento da legenda.

Aloysio Nunes disse ainda que "cabe ao presidente" decidir sobre a manutenção de nomes do PSDB em sua equipe ministerial. Atualmente, além de Nunes, outros dois peessedebistas chefiam ministérios no governo: Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

O chefe do Itamaraty é um dos tucanos mais fiéis a Temer, tendo integrado a comitiva do presidente em viagens para fora do Brasil e se revoltado contra integrantes de seu próprio partido para defender o governo . Assim foi em agosto, quando o então presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), divulgou propaganda partidária com críticas a Temer. A lealdade de Nunes também foi demonstrada após tucanos intensificarem os ataques ao presidente diante da apresentação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer.

A reunião realizada nesta manhã na sede nacional do PSDB foi convocada pelo presidente interino da legenda, Alberto Goldman, para "analisar as propostas de alteração do estatuto, que serão votadas na Convenção Nacional do partido em dezembro".

Lua de mel e divórcio entre PSDB e Temer 

Um dos principais fiadores da ascensão de Temer à Presidência da República mediante ao impeachment de Dilma Rousseff, o PSDB passou a conviver com a possibilidade de romper a aliança com Planalto a partir de maio deste ano. Naquele mês, tanto Michel Temer quanto o então presidente nacional peessedebista, senador Aécio Neves (MG), viram-se cobertos de suspeitas devido à divulgação das delações de executivos da JBS. 

Aécio se afastou da liderança tucana e abriu espaço para o senador Tasso Jereissati (CE) assumir o posto interinamente. Tasso passou a usar o cargo de destaque para defender o rompimento do PSDB com o governo, chegando a veicular na televisão uma propaganda do partido recheada de críticas a Temer. O material não passou pelo crivo de outros integrantes da cúpula tucana.

O movimento pró-desembarque ganhou força nos últimos meses entre os integrantes do partido e o racha interno da legenda se intensificou de vez no início deste mês, quando  Aécio retomou a presidência tucana apenas para destituir Tasso , e logo em seguida colocou Alberto Goldman para conduzir o partido. 

O gesto de Aécio incomodou ainda mais os tucanos que são contrários à permanência do partido na base de sustentação de Temer. Cinco dias após a destituição de Tasso, o então ministro das Cidades,  Bruno Araújo, pediu demissão do cargo  sob a alegação de que não tinha mais apoio de seu partido para continuar na função.

A convenção nacional do partido está agendada para ocorrer no dia 9 de dezembro, quando será escolhido o novo presidente da agremiação e também deve ser confirmado o rompimento com o governo Temer.

Os dois candidatos à liderança tucana eram, até o início dessa semana, o próprio Tasso Jereissati e o governador de Goiás, Marconi Perillo, – ambos pró-desembarque. Após conversas nos últimos dias, no entanto, houve  consenso para que o único candidato para presidir o PSDB seja o governador de São Paulo , Geraldo Alckmin.

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