O ex-ministro Antonio Palocci afirmou em sua negociação de acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal que entregou dinheiro vivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ao menos cinco vezes. Palocci disse ter feito as entregas pessoalmente, em pacotes com R$ 30 mil, R$ 40 mil ou R$ 50 mil. A informação foi revelada pela revista Veja e, posteriormente, reportada também pelo jornal Folha de S.Paulo .
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Segundo as publicações, o relato sobre as entregas de dinheiro a Lula consta dos anexos do acordo de Palocci com os procuradores da Lava Jato – documentos que representam uma espécie de resumo do que o delator irá contar, caso o acordo seja fechado. No entanto, não há certeza de que a informação será mantida na versão final do acordo, que não possui prazo para ser firmado.
Segundo o relato do ex-ministro, as quantias entregues ao ex-presidente eram destinadas a despesas pessoais do petista. Valores mais elevados eram entregues no Instituto Lula por meio do ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic – conforme ele já havia relatado em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na semana passada.
De acordo com Palocci, as propinas integravam a conta-corrente que o PT tinha com a empreiteira Odebrecht, expressa na planilha "Programa Especial Italiano", do setor de Operações Estruturadas da empresa. "Italiano" é uma referência a Palocci.
Outro lado
Na quarta-feira (13), em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente disse que o ex-ministro Antonio Palocci mentiu ao dizer que a Odebrecht e o petista tinham um “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht , que envolvia pagamento de propina na ordem de R$ 300 milhões.
“Eu vi o Palocci mentir aqui nesta semana”, disse o ex-presidente, reforçando a versão dada pela sua defesa após o depoimento do ex-ministro, no último dia 6. "O que ele [Palocci] disse é exatamente o que o PowerPoint queria que ele dissesse", acrescentou, referindo-se à apresentação feita pelo MPF no ano passado.
Na semana passada, os advogados do petista enviaram nota à imprensa na qual afirmaram que o depoimento de Palocci foi contraditório e que teve como objetivo viabilizar sua saída da prisão.
Palocci , que está preso desde o ano passado e já foi condenado a 12 anos e dois meses de prisão, afirmou no depoimento que o “pacto de sangue” com a Odebrecht envolvia o terreno do instituto , o sítio usado pela família do ex-presidente em Atibaia e mais R$ 300 milhões, que estariam à disposição do petista para que ele fizesse as “atividades políticas”.
Ao responder sobre a existência de uma conta mantida pela Odebrecht para as propinas – versão dada por Palocci –, o petista classificou a informação como “hilariante”. “Eu sinceramente não sei qual era a relação que o ex-ministro Palocci tinha com o doutor Marcelo Odebrecht. (...) Se eles conversavam coisas, se tinha fundo ou se não tinha fundo, doutor Palocci que explique. O Marcelo que explique. O dado concreto é que nem o Marcelo, nem o Emílio Odebrecht, nenhum empresário desse País discutiu finanças comigo.”
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Para acirrar ainda mais a crise com o antigo aliado, o ex-presidente disse que Palocci é “calculista, frio e simulador”. Disse que o ex-ministro não era responsável por assuntos relacionados ao Instituto Lula – tarefa que seria de responsabilidade de Paulo Okamotto – e que, depois que deixou o palácio do Planalto, se encontrava com Palocci uma vez a cada oito meses, apenas.