O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa disse que "não há outra saída" e que o caminho para os brasileiros agora é a mobilização em busca da renúncia imediata do presidente da República Michel Temer (PMDB).
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A declaração de Joaquim Barbosa acontece um dia após a divulgação da gravação de uma conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, em que o presidente é acusado de dar aval à compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), preso pela Operação Lava Jato.
"Não há outra saída: os brasileiros devem se mobilizar, ir para as ruas e reivindicar com força a renúncia imediata de Michel Temer ", escreveu Barbosa em uma rede social, no início da manhã desta sexta-feira (19).
O ex-ministro do STF aproveitou a ocasião para fazer uma crítica à repercussão da gravação, que compõe a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Segundo ele, há quem esteja minimizando a "gravidade dos fatos".
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"Nada aconteceu, não é mesmo? Líderes políticos, empresariais, parte da mídia se incumbiram de minimizar a gravidade dos fatos", publicou ele.
Entenda o caso
Os proprietários da JBS apresentaram à PGR uma gravação na qual Temer endossa o pagamento de uma "mesada" para calar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o operador de propinas Lúcio Funaro, ambos presos. Ao saber desta informação, o presidente teria solicitado que a prática não parasse: "Tem que manter isso".
No depoimento aos procuradores, Joesley revelou que a ordem da mesada na cadeia não partiu de Temer, mas que o presidente tinha total conhecimento de toda a operação.
Outra informação que atinge diretamente o presidente é a de que Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem de confiança de Temer e ex-assessor especial da Presidência, teria recebido R$ 500 mil de propina para cuidar de uma pendência da J&F, holding que controla a JBS. A pendência, no caso, seria a disputa entre a Petrobras e a J&F sobre o preço do gás fornecido pela estatal para a termelétrica EPE.
Ao ser indagado por Joesley sobre quem poderia ajudar a resolver esta situação a seu favor, Temer teria apenas respondido para falar "com o Rodrigo". A pendência foi resolvida mediante um pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo que duraria o acordo com a EPE. Apenas a primeira parcela de R$ 500 mil teria sido paga.
O conteúdo das delações foi homologado pelo STF nesta quinta-feira e deve vir ao público ainda nesta sexta
. Joaquim Barbosa, por sua vez, deixou o Supremo em junho de 2014, após passar mais de dez anos como ministro do STF
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