Feminicídio fez 699 vítimas no Brasil no primeiro semestre deste ano
Agência Brasil
Feminicídio fez 699 vítimas no Brasil no primeiro semestre deste ano

Nos últimos quatro anos, as taxas de violência de gênero e violência intrafamiliar sofreram um aumento : o número de feminicídios cresceu 10,8%, com um total de 2.671 mortes nos primeiros semestres de 2019, 2020, 2021 e 2022.

O ano de 2022, inclusive, bateu o recorde : 699 mortes ocorreram entre janeiro e junho, o que demonstra um aumento de 3,2% na comparação com 2021 e significa uma média de quatro mulheres mortas por dia.

O levantamento foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que reuniu as estatísticas criminais de feminicídio e estupro dos primeiros semestres dos últimos quatro anos.

Feminicídio por região

O maior crescimento do feminicídio nos últimos quatro anos ocorreu na região Norte, de 75%, seguida pelo Centro-Oeste, com alta de 29,9%. No Sudeste o aumento foi de 8,6% e no Nordeste, de 1%. Apenas na região Sul houve queda, de 1,7%.

Em 16 estados o feminicídio aumentou ou se manteve estável. Os estados com mais assassinatos deste tipo foram Rondônia (225%), Tocantins (233,3%) e Amapá (200%). Em 11 estados houve redução, com as maiores quedas em Roraima (50%), Distrito Federal (42,9%) e Alagoas (42,3%). Em São Paulo, a queda foi de 11,8%.

Violência sexual

Quanto aos casos de violência sexual contra mulheres, foram 29.285 ocorrências em 2022, um crescimento de 12,5%. Deste total, 74,7% foram registrados como estupro de vulnerável - ou seja, em que as vítimas são incapazes de consentir com o ato, seja pela condição de idade ou de deficiência. Na soma dos primeiros semestres dos quatro anos analisados, mais de 112 mil mulheres foram vítimas de estupro no país.

Os dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em média, uma menina ou mulher foi estuprada a cada nove minutos.

Repasse ao combate à violência contra a mulher foi o mais baixo em 4 anos

O aumento de casos de violência em 2022 aconteceu no mesmo momento em que o investimento em políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero foi deliberadamente reduzido pelo governo.

Em 2022, o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos reservou o menor orçamento para medidas de enfrentamento à violência contra a mulher desde o início da gestão do governo de Jair Bolsonaro (PL), conforme nota técnica Análise do orçamento das políticas públicas para as mulheres – 2019 a 2021, produzida e divulgada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

No total, foram alocados cerca de R$ 5,1 milhões para o enfrentamento à violência e promoção da autonomia, R$ 8,6 milhões para as Casas da Mulher Brasileira e 29,4 milhões para o Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher, neste ano, totalizando aproximadamente R$ 43,1 milhões.

Os pesquisadores apontaram outro fator relacionado ao aumento de casos de estupro e feminicídio: a pandemia da Covid-19, período em que vários crimes passaram a ser mais subnotificados. Segundo o Fórum, o isolamento social causou a diminuição do acesso às delegacias e serviços de denúncia e escolas, que têm papel fundamental na proteção das crianças vítimas de violência sexual.

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