Praia no Rio de Janeiro
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Praia no Rio de Janeiro

Com pouco mais de quatro quilômetros de extensão, a Praia de Copacabana já foi palco de grandes eventos esportivos, recebeu os lendários Rolling Stones e ainda acomodou mais de três milhões de fiéis em uma missa com o Papa Francisco na 28ª Jornada Mundial da Juventude.

E é exatamente essa faixa de areia da Avenida Atlântica, eleita a mais bela e famosa do mundo, que concentra grande parte dos crimes praticados contra turistas no Rio: mais da metade das ocorrências desse tipo é registrada pela Polícia Civil na "Princesinha do mar".

Responsável pelo atendimento a visitantes nacionais e internacionais, a delegada Patrícia Alemany, titular da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), elaborou um estudo detalhado sobre o assunto.

O relatório mostra que, em 2019 e 2020, foram 5.825 registros na cidade — uma média de sete por dia. Levando em conta o número de viajantes no primeiro ano da análise — 1.252.267, de acordo com o Ministério do Turismo — as vítimas de crimes (3.908 pessoas) representam 0,31% do total do grupo.

O estudo tem 54 páginas e mapeia a modalidade dos delitos, os locais, os horários, a nacionalidade das vítimas e até as características físicas e comportamentais dos criminosos.

Ele está sendo usado como base não só pela Deat, como também pelo Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur), 19º BPM (Copacabana), Copacabana Presente e até Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), Programa Rio+Seguro e Subprefeitura da Zona Sul. Integrados, os órgãos realizam uma força-tarefa para ordenar a espaço urbano, além de prevenir e reprimir essas ações nos principais cartões-postais do Rio.

"No cenário turístico, as propostas de melhoria na Segurança Pública abarcam não só a área de polícia, seja de ostensividade ou investigação, mas áreas sociais e de ordem pública, como a questão da população de rua, desordem urbana, iluminação, ocupação irregular do território, limpeza da cidade, transporte, flanelinhas e ambulantes. Acreditamos nessa parceria para melhorar os indicadores e oferecer uma experiência ainda mais segura a quem visita nossa cidade" , explica a delegada.

Entre os crimes contra turistas registrados nesse período, 80% são considerados "não violentos", como furtos, receptações, estelionatos e apropriações indébitas.

Já entre os violentos (roubos, extorsões e lesões corporais), em 8% deles houve uso de faca e, em 3%, de arma de fogo. Três em cada dez ocorrências se deram entre o réveillon e o carnaval, período em que os hotéis atingem as maiores taxas de ocupação.

"A orla de Copacabana exige uma atenção especial porque apresenta circulação de pessoas acima da média e, consequentemente, também de fluxo patrimonial, o que incita o chamado crime de oportunidade. Por isso, a presença do poder público é fundamental" , afirma o delegado Breno Carnevalle, à frente da Seop.

"Atuamos com monitoramento e ainda com PMs infiltrados para coibir os furtos, que, no geral, ocorrem na areia após uma distração da vítima, que deixa objetos de valor e vai mergulhar" , complementa o tenente-coronel Robson Cardeal, comandante do BPTur.

Na virada do ano, foram registradas 29 ocorrências por turistas na Deat: 25 de furtos, duas de roubos, uma de extravio de celular e uma de extravio de documento. O número é pouco maior do que no réveillon de 2020, quando havia maior restrição social na cidade, e menor do que nos anos anteriores.

Além de Copacabana, Ipanema, Lapa, Centro Pão de Açúcar, Leblon e Santa Teresa também compõem a lista dos pontos turísticos mais visados pelos criminosos. Entre as 110 nacionalidades das vítimas, Argentina está no topo do ranking, seguida por Chile, França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Alemanha, Austrália, Holanda e Israel.

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