Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro
Reprodução/redes sociais
Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro

O relatório produzido pelo Bope após a operação nos dias 20 e 21 de novembro que matou nove pessoas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, traz como justificativa a morte do 2º sargento Leandro Rumbelsperger da Silva no sábado. O documento é relativo à obrigatoriedade de comunicar o Ministério Público sobre a excepcionalidade das operações em favelas durante a pandemia de covid-19 no Rio, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O Bope traz no texto como "justificativa da absoluta excepcionalidade da operação" o ataque sofrido por policiais militares na região.

''A injusta agressão resultou na morte do 2º Sgt PM 83.225 L.R.S., tornando-se imperiosa a atuação dessa Unidade Especial a fim de restabelecer a ordem na área conflagrada em questão, buscar identificar e prender os responsáveis pela morte do agente da lei e providenciar a retirada em segurança dos policiais que permanecem no interior da comunidade', diz o relatório.

Entre os cuidados adotados para redução do risco da operação, também previstos na ADPF 635, que volta a ser apreciada nesta quinta-feira pelo Supremo, estão a utilização de dois veículos blindados e o deslocamento de uma ambulância para o local da operação, no bairro Palmeiras.

Ambulância deslocada

Segundo o documento, os blindados tinham o objetivo de conduzir os policiais para a zona de conflito com maior velocidade e segurança, bem como extrair da mesma zona, se necessário, policiais e civis feridos. A ambulância teria sido deslocada para socorro imediato de policiais e civis.

O relatório também diz que policiais com o conhecimento de primeiros-socorros foram inseridos nas equipes para realizarem atendimentos pré-hospitalares caso fosse necessário.

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No entanto, foram os próprios moradores que precisaram retirar os corpos de uma área de mangue na manhã da última segunda-feira (22).

O relatório também revela que 75 PMs do Bope participaram da ação . A PM, no entanto, afirmou que apenas oito agentes haviam participado e entregou os respectivos oito fuzis à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). As armas foram entregues na quarta-feira (24), e passarão por confronto balístico. De acordo com a Polícia Civil, são quatro fuzis Colt calibre 5.56 e quatro AR-10 calibre .762, indicando que oito agentes usaram as armas.

Maioria de tiros na cabeça

A Polícia Civil divulgou o resultado dos laudos de perícias feitas nos nove corpos encontrados em manguezal do bairro Palmeiras, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na última segunda-feira (22). De acordo com o documento, a maioria dos tiros foram disparados na região da cabeça.

Confira a relação dos mortos
- Ítalo George Barbosa de Souza Gouvêa Rossi – 33 anos
- Kauã Brenner Gonçalves Miranda – 17 anos
- Rafael Menezes Alves – 28 anos
- Carlos Eduardo Curado de Almeida – 31 anos
- Jhonata Klando Pacheco Sodré – 28 anos
- Élio Da Silva Araújo – 52 anos
- Douglas Vinícius Medeiros da Silva – 27 anos
- David Wilson Oliveira – 23 anos
- Igor da Costa Coutinho – 24 anos


Desde segunda-feira, a delegacia que investiga o caso ouve testemunhas e moradores do bairro da Palmeira. Os policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) também devem ser ouvidos, quando forem identificados.

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