Duas semanas depois de um ataque ao Consulado da China no Rio de Janeiro, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil finalmente se manifestou. Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o Itamaraty disse que “todos os esforços serão empregados para elucidar o caso”.
“Reiteramos a todas as representações diplomáticas e consulares da China e às demais missões estrangeiras acreditadas junto ao governo brasileiro que todos os esforços serão empregados para elucidar o caso e levar o responsável ou responsáveis à Justiça, e também para proteger a segurança do corpo diplomático e consular acreditado no Brasil”, afirma nota.
O ataque ocorreu no dia 16 deste mês. Câmeras de segurança do consulado registraram toda a cena, desde o momento em que o homem caminha e para na calçada em frente ao local, na Rua Muniz Barreto, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio. Então ele prepara o explosivo, o lança contra a sede e corre. O homem aparece nas imagens vestindo casaco, boné e máscara pretos. A explosão danificou apenas o portão da missão. Não houve feridos.
Na nota, intitulada “Atentado contra o Consulado Geral da China”, o Itamaraty afirma ter sido informado pela polícia do Rio de que as investigações "estão sendo conduzidas com celeridade e presteza". A polícia disse que uma bomba de fabricação caseira foi usada no ataque, mas ainda não identificou o atacante.
A demora do Brasil em se manifestar causou estranheza em meios diplomáticos, já que uma nota de condenação é habitual nesses casos, independentemente do país visado. A proteção das missões diplomáticas, prevista nas Convenções de Viena, é uma das normas mais básicas nas relações entre os países.
No dia seguinte ao ataque, o consulado chinês emitiu uma nota condenando o que chamou de “um grave ato de violência”, e pediu às autoridades brasileiras “a investigação minuciosa sobre o ataque, a punição do culpado nos termos da lei e medidas cabíveis para evitar que incidentes similares voltem a ocorrer".
Ao GLOBO, o Ministério das Relações Exteriores da China também disse, na semana passada, que “condena fortemente” o incidente e que o considera grave, ressaltando que o Brasil deve dar “grande importância ao assunto”. Pequim acrescentou ainda que espera das autoridades uma investigação minuciosa e a adoção de “medidas eficazes” para manter a segurança das missões diplomáticas chinesas a fim de “preservar a cooperação da China com o Brasil”.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, incluindo seu filho, o deputado Eduardo, costumam criticar publicamente a China. O presidente frequentemente põe em dúvida a eficácia das vacinas chinesas, que estão entre as mais usadas no Brasil. O ataque ao consulado ocorreu em um momento em que o atual chanceler, Carlos França, tenta normalizar as relações com Pequim, abaladas durante a gestão do seu antecessor, Ernesto Araújo.