Responsável pela investigação da morte do menino Douglas Enzo Maia dos Santos, que foi morto com um tiro no peito em sua festa de aniversário de 4 anos , no último domingo, em Magé, na Baixada Fluminense, o delegado Antonio Silvino, da 66ª DP (Piabetá), vai promover uma reprodução simulada do crime. A perícia será feita por conta das diferentes versões do crime e deverá ocorrer após o depoimento de convidados, que estavam na festa , e ainda de uma nova oitiva dos pais da criança. Autor do disparo que matou o menino, o técnico em telefonia celular Pedro Vinícius de Souza Pevidor, de 21, foi preso em flagrante, mas alegou informalmente que o tiro foi acidental. Enzo foi sepultado, nesta terça-feira, no Cemitério de Raiz da Serra, em Magé.
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Segundo o delegado Antônio Silvino, as oitivas das testemunhas deverão ocorrer ainda nesta semana. O objetivo é o de saber se alguém presenciou o crime. O que se sabe até agora é que Enzo estava no quintal de sua casa, logo após sua família ter cantando parabéns pelo aniversário, quando foi morto com um tiro de revólver. A arma era raspada e estava em poder de Pedro Vinícius. Logo após o disparo, ele foi desarmado pelo animador de festas Douglas da Silva Marinho, mais conhecido como Douglas Brasil, pai da criança morta.
"O pai e a mãe da vítima legaram em depoimento não ter visto o momento do disparo, mas disseram ter ouvido um tiro. O pai disse que, ao correr para ver o que tinha acontecido, encontrou seu filho nos braços do Pedro que ainda deu tapas nas costas do garoto. Ao perguntar para Pedro o que tinha ocorrido, ele respondeu dizendo que o garoto teria tentado o desarmar e que a arma caiu no chão e que disparo acabou ocorrendo. Vamos ouvir os convidados da festa para saber se alguém presenciou o momento do disparo. Também vamos ouvir novamente os pais do garoto. Uma reprodução simulada deverá ser feita por conta das versões conflitantes que temos até agora", disse o delegado.
Ao ser autuado em flagrante por crimes de homicídio culposo e porte ilegal de arma, na 60ªDP (Campos Elíseos) para onde foi levado inicialmente, Pedro optou pelo direito de ficar calado e de só apresentar oficialmente sua versão em juízo. A polícia também vai descobrir a origem da arma utilizada na morte da criança. Uma das versões que serão investigadas é a de que o técnico em telefonia teria recebido a arma em troca de algum serviço prestado na loja em que trabalhava. Parentes de Enzo não a creditam na versão de que o disparo ocorreu acidentalmente. Vagner Maia, tio do menino, disse que familiares relataram que Pedro chegou, inclusive, a atacar crianças que estavam na festa e ao próprio Pedro, logo após a família cantar "parabéns" para o menino.
"Eu não acredito nisto ( disparo acidental), porque deste o momento que uma pessoa vai armada para uma festa de criança e dispara uma arma já está assumindo a responsabilidade. Ninguém o convidou para a festa do Enzo. Ele simplesmente apareceu lá, vindo de uma outra confraternização que ocorria ali perto. Meus sobrinho, irmão do Enzo, contou que esta pessoa chegou a torcer o braço do Enzo e que ele(Pedro) estava realmente tentando agredir às crianças. Tanto que o Enzo entrou chorando falando que o rapaz havia torcido o braço dele", disse Vagner.
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Pena de até seis anos
Segundo a policia, Pedro Vinícius vai responder por crimes de homicídio culposo ( sem intenção de matar) e por porte ilegal de arma. Caso seja condenado, ele estará sujeito a uma pena de até seis anos de prisão. O destino do autor do disparo começará a ser definido em uma audiência de custódia, quando um juiz definirá se ele permanecerá preso ou se responderá pelo crime em liberdade.
Enzo tinha cinco irmãos e era fã do Incrível Hulk. O super-herói era justamente o tema da sua festa de aniversário. "Ele sonhava em ser como o Hulk. Adorava o herói. Os pais dele estão muito abalados com o que aconteceu. Tudo que a gente espera agora é por Justiça", disse Vagner Maia
Pastor de uma igreja evangélica, Vagner agradeceu a Deus pela reação que o pai da criança teve. Logo após o crime, Douglas Brasil desarmou Pedro Vinícius e, em seguida, chamou a polícia.
"Dou Graças a Deus pela reação do pai. De ter desarmado a pessoa que matou o próprio filho e de não ter feito nada com ele, o entregando para a polícia. A gente espera agora pela Justiça dos homens e pela Justiça de Deus para resolver esse problema de no dia do aniversário do Enzo ter vindo este presente inesperado, da morte dele. Deus em breve vai dar a resposta certa", disse Vagner.
Antes de realizar a reprodução simulada do crime, a polícia vai aguardar a chegada do resultado do exame cadavérico, que foi feito no Instituto Médico-Legal. O resultado do laudo vai revelar, entre outras coisas, a trajetória da bala que tirou a vida do menino e se o projétil ficou ou não alojado no corpo da criança.