Um terapeuta que trabalhava em um centro espiritual em Blumenau (SC) foi preso na quinta-feira (5) pela Polícia Civil de Santa Catarina, suspeito de abusar sexualmente mulheres durante suas sessões. As investigações mostram que ele dopava suas vítimas com chá de ayahuasca, substância alucinógena utilizada na religião Santo Daime, antes de cometer o crime.
Leia também: Pastor evangélico é investigado por estupro de mulheres no Recife
Os primeiros casos foram levados à polícia em janeiro pelo Instituto Feminista Nísia Floresta, que recolheu relatos das pacientes dopadas com ayahuasca e abusadas.Três mulheres realizaram boletim de ocorrência, mas a suspeita é de que haja ao menos 15 vítimas em Blumenau, onde ele mantém o centro há três anos, conta o delegado Davi Sarraff. Mas há chances de que haja vítimas em outras cidades, já que o terapeuta também trabalhou em Balneário Camboriú, Camboriú, Chapecó e Florianópolis, em Santa Catarina, e em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Ele se aproxima das vítimas durantes sessões em grupo, quando oferecia terapia individual, afirmando que a pessoa precisava. “Ele se aproximava dizendo que essa pessoa estava com problemas de energia”, contou o delegado ao UOL . A sessão ocorria em um quarto.
“A pessoa perdia o discernimento e a consciência sobre o próprio corpo”, explica o delegado sobre o uso de ayahuasca. “Nisso, ele praticava os atos libidinosos , indo desde o beijo, carícia nas genitais e até conjunção carnal [penetração]”. No final da sessão, ele pedia para que as pacientes não contassem sobre o que havia ocorrido. Isso, segundo a polícia pode ter dificultado a realização de denúncias .
Leia também: Pai suspeito de estupro de filha de 10 anos é achado morto
Em depoimento para a polícia, o terapeuta confirmou alguns dos atos de que foi acusado. Mas, afirma que foram consentido. “Ele ainda afirmou que em alguns casos, a vítima estava com a consciência alterada [ pelo uso de ayahuasca ], mas ao mesmo tempo não reconhecia que essa consciência alterada necessariamente significava que a pessoa não consentia”, informou o delegado. O caso ainda está sendo investigado.