Adriano Nóbrega morreu durante um confronto com a polícia no último domingo (9).
Reprodução / Polícia Civil
Adriano Nóbrega morreu durante um confronto com a polícia no último domingo (9).

A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai pedir à Justiça, nesta sexta-feira (6), a prorrogação por mais dez dias, do prazo para conclusão do laudo necroscópico complementar, referente a exame feito por peritos do Instituto Médico-Legal (IML), no cadáver do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega .

O pedido de extensão será feito porque ainda não ficaram prontos os resultados das análises laboratoriais das amostras de tecidos, recolhidas do corpo de Adriano, durante a perícia realizada no dia 20 de fevereiro. Na ocasião, o exame também foi acompanhado por peritos assistentes indicados pela família do ex-PM. A Justiça da Bahia havia concedido prazo inicial de 15 dias para a conclusão do laudo complementar, prazo que venceria nesta sexta-feira.

Apontado por promotores do Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco/RJ) como chefe da milícia de Rio das Pedras, Adriano foi morto no dia 9 do mês passado, dentro de uma casa, no município de Esplanada, no Norte da Bahia, após trocar tiros com policiais militares do Batalhão de Operações Especiais daquele estado. De acordo com o Ministério Público (MP) da Bahia, a possibilidade da extensão do prazo já era prevista na decisão do juiz Augusto Yuzo, que responde pelas comarcas de Esplanada e Alagoinhas.

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Um primeiro exame cadavérico chegou a ser feito por peritos do IML de Alagoinhas. Eles constataram, na ocasião, que Adriano foi morto por dois disparos que atingiram a região do pescoço e do tórax. A cremação do corpo, que aconteceria no Rio, foi suspensa porque a família de Adriano e o MP baiano pediram que a Justiça solicitasse uma perícia complementar para esclarecer dúvidas quanto às circustâncias da morte de Adriano, que não teriam sido esclarecidas na perícia feita na Bahia.

Entre os pontos que deverão ser esclarecidos no exame complementar estão se Adriano foi ou não torturado, a que distância ocorreram os disparos responsáveis pela sua morte, o calibre das armas utilizadas para os disparos e a trajetória feita pelos projeteis no interior do corpo do ex-capitão.

Na mesma decisão, o juiz Augusto Yuzo também determinou que a Secretaria de Segurança da Bahia forneça as gravações dos rádios transmissores usados pelos policiais do Bope, responsáveis pelo cerco que acabou com a morte de Adriano Magalhães da Nóbrega.

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Além disso, o mesmo juízo atendeu pedido do MP e determinou ainda a realização de um exame papiloscópico na munição não deflagrada, encontrada numa pistola Glock calibre nove milímetros. A arma foi supostamente encontrada com Adriano e teria sido utilizada para disparar dois tiros contra um escudo, usado por policiais que tentavam fazer sua prisão. A perícia pode esclarecer, neste caso, se o ex-PM chegou ou não a manusear as balas encontradas na arma.

Um dos peritos contratados pela família do ex-capitão para acompanhar o exame complementar, no IML do Rio, já havia adiantado no último dia 21, não ter notado sinais aparente de tortura no cadáver de Adriano Magalhães da Nóbrega. Na época, o médico legista Talvane de Moraes disse, no entanto, que nem sempre sinais deste tipo são visíveis e que o corpo já havia sido muito manipulado anteriormente.

"Os exames foram feitos pelos peritos oficiais e eu fiquei acompanhando. Os sinais de tortura nem sempre são visíveis. Há tortura psicológica e há tortura física que pode deixar ou não marcas. Não deu para perceber nenhum sinal (de tortura). As condições também não eram ideais, já que o corpo já havia sido muito manipulado. Estava embalsamado e sem os órgãos internos", disse o médico, na ocasião.

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Nesta quinta-feira, o advogado Paulo Emílio Cata Preta, que foi contratado pela família de Adriano, disse que os peritos assistentes terão dez dias de prazo para contestar o laudo feito no IML do Rio, a partir da data da conclusão do exame complementar.

O corpo do ex-capitão foi sepultado no último dia 21, segundo informações da funerária responsável pelo transporte. Por pedido da família, o local do enterro não foi divulgado. O advogado Paulo Emílio Catta Preta afirmou que a família do ex-capitão "determinou reserva sobre os rituais fúnebres".

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