Convidado do programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (2), Gustavo Bebbiano, ex-secretário geral da Presidência, não poupou críticas ao governo e ao clã Bolsonaro. Em entrevista recheada de polêmicas, ele acusou Carlos de criar "gabinete do ódio" no Planalto, disse que Jair perdeu a chance de ser um dos maiores estadistas da história e até comparou a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope, com o caso Celso Daniel.
"O PT tem um grande fantasma que é o Celso Daniel. E agora a família Bolsonaro tem um fantasma que é o capitão Adriano. Parece uma queima de arquivo. Quem teria interesse na morte dele? Não sei", afirmou Bebbiano , lembrando o caso da morte do ex-prefeito de Santo André em 2002, que não foi esclarecida até hoje.
Ele afirmou ainda nunca ter se encontrado com Adriano , mas disse que era um "nome conhecido" e que ouvia falar dele: "era tido como um policial linha de frente e linha dura. Eu não sabia que era miliciano , só era um nome que eu ouvia algumas vezes. Era alguém com quem se tinha amizade".
Segundo Bebbiano, a morte durante confronto com policiais na Bahia foi "estranha" e parece ter se tratado de uma "queima de arquivo": "quem teria interesse na morte dele? Não sei, mas é preciso que uma investigação séria seja feita".
Ao falar sobre o presidente , Bebbiano disse que Bolsonaro está perdendo a chance de se tornar um dos maiores estadistas da história do país, lamentou os ataques feito por ele contra a imprensa - afirmando que isso apenas atrapalha o desenvolvimento do Brasil - e afirmou que Jair "não confia em seus ministros".
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"No fundo, ele não confia no general Heleno, nem no general Luiz Eduardo Ramos. Eles (família Bolsonaro) não confiam em ninguém. Mas minha grande crítica é que ele está atrapalhando. Se você pegar a agenda presidencial, vai ver que ele só pensa em reeleição. Ele praticamente não trabalha pelo país. Há um brasil do Paulo Guedes e um do presidente. Se nós continuarmos no caminho que estamos, não vai terminar bem", afirmou Bebbiano.
Foco em Carlos Bolsonaro
Apesar das críticas ao pai Jair, o grande alvo do ex-ministro na família Bolsonaro foi Carlos . Segundo Bebbiano, o vereador participou da tentativa de montagem de uma Agência Brasileira de Inteligência ( Abin ) paralela dentro do governo e contou com a ajuda de um delegago da Polícia Federal. Porém, ele preferiu omitir o nome do envolvido por uma "questão institucional e pessoal". Segundo ele, a ideia era criar dossiês e atacar adversários, inclusive jornalistas.
"Um belo dia o Carlos Bolsonaro aparece com um nome de um delegado federal e três agentes que seriam uma Abin paralela. O assunto acabou comigo e o general Santos Cruz. Nós aconselhamos o presidente a não fazer aquilo porque também seria motivo de impeachment", lembrou Bebbiano.
Em outro momento, ele acusou Carlos de chefiar um " gabinete do ódio " dentro do Planalto, onde eram criadas as famosas " fake news ", e afirmou que o filho do presidente tem "graves problemas mentais" e arquitetou um ataque covarde contra ele, principalmente nas redes sociais.
"Eu disse ao presidente que as notícias falsas não podiam estar dentro do Planalto porque poderiam dar em impeachment. Mas a pressão que o Carlos faz é tão grande que o pai não consegue se contrapor ao filho, não tem pulso para dizer não. Ele é uma pessoa com agressividade despropositada e que deveria procurar um tratamento", finalizou Bebbiano .