A Polícia Civil de São Paulo apontou Carina Ramos, namorada de Ana Flávia Gonçalves, filha do casal morto, como mentora intelectual do assassinato de três pessoas da mesma família em São Bernardo do Campo (SP), cujos corpos foram encontrados carbonizados dentro de um carro em uma estrada de terra da cidade.
Após o depoimento de Juliano Ramos, primo de Carina que participou do assassinato da família preso esta semana, vários pontos do crime foram descobertos. No entanto, ainda há algumas lacunas na investigação.
Veja o que se sabe até agora, as contradições nos depoimentos dos suspeitos e o que ainda falta ser esclarecido no assassinato de Flaviana (mãe), Romuyuki (pai) e Juan Gonçalves (filho).
O que se sabe
1. Ana Flávia Gonçalves e Flaviana, sua mãe, trabalhavam em um quiosque de perfumes no shopping São Bernardo Plaza. Romuyuki Gonçalves, pai de Ana Flávia, recebeu uma rescisão da empresa onde trabalhava e investiu o dinheiro nesse quiosque.
2. Ana Flávia, sua namorada Carina Ramos, Juliano de Oliveira Santos Júnior e outros dois envolvidos moram na mesma comunidade em favela do Jardim Santo André.
Contradição: Juliano diz que, dois dias antes do assassinato, se reuniu com Carina e Ana Flávia. Elas o teriam abordado com a proposta de roubar R$ 85 mil que supunham existir na casa. Já Carina diz que foi abordada por Juliano, seu primo, sobre a vida financeira do casal, mas que não aceitou o roubo.
3. De acordo com a versão de Juliano, por volta das 18h do dia 27 de janeiro, ele, Ana Flávia, Carina e outros dois envolvidos chegaram ao condomínio em um Fiat Palio. Eles entraram e aguardaram a chegada de Romuyuki e do filho, Juan Gonçalves.
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4. Os dois chegaram no condomínio às 19h56 em um Opala. Nesse momento, segundo a polícia, os cinco entraram na casa com Carina e Ana Flávia supostamente rendidas. Isso seria uma encenação.
5. Juliano estava com uma pistola .40 de cor prata. Os ocupantes da residência foram rendidos e, nesse momento, ainda de acordo com a polícia, Juliano começou a proferir diversas ameaças a Romuyuki, pedindo o segredo do cofre. Romuyuki ficou nervoso e afirmava que não tinha esse segredo - quem sabia era Flaviana.
6. Os bandidos teriam ficado agressivos, segundo a polícia. Eles resolvem trancar o pai e o filho no andar de cima em quartos separados.
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7. A agressividade se transforma em violência física, segundo o depoimento de Juliano. A polícia ainda não sabe com certeza a natureza dessas agressões, mas acredita que tenham sido socos e coronhadas. O pai desfalece. Nesse momento, segundo a polícia, os bandidos, incluindo Ana Flávia e Carina, resolvem matar os dois.
8. Segundo o depoimento de Juliano, Carina teria prometido aos bandidos parte do dinheiro da herança e do seguro de vida.
Contradição: Juliano diz que Carina teria ordenado a morte e que ele próprio asfixiou Romuyuki. O laudo preliminar, no entanto, diz que a causa da morte foi um traumatismo craniano. Juliano diz que também asfixiou o filho, no outro quarto.
9. Às 22 horas, Flaviana chega ao local em um Jeep Compass. Segundo a polícia, não procede a história de que eles fizeram Flaviana assistir a torturas.
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10. À 1h, o Jeep Compass deixa o condomínio. No porta-malas, está o pai da família, Romuyuki, já morto.
11. Um minuto depois, o Fiat Palio deixa o condomínio. Carina está vestida com o uniforme de Flaviana. Eles levam diversos pertences da casa, como uma televisão e um aparelho de videogame, além de joias.
12. No caminho, eles param num posto de gasolina, onde compram combustível para depois incendiar o carro com os corpos em uma estrada de terra.
As lacunas na investigação
1. A polícia ainda não sabe com certeza a natureza das agressões a Romuyuki, mas acredita que tenham sido socos e coronhadas
2. Quando Flaviana foi morta: se na casa ou a caminho do local onde os corpos foram encontrados.
3. Se o filho, Juan Gonçalves, também deixou a casa já morto na mala do carro, assim como o pai.
4. Juliano diz que Carina mata Flaviana dentro do carro. Isso não está confirmado. O laudo indica que a mãe morreu por traumatismo craniano - golpes na cabeça.