Ana Flávia Gonçalves, 24 anos (à esq.) e Carina Ramos, 31, foram presas na quarta-feira (29)
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Ana Flávia Gonçalves, 24 anos (à esq.) e Carina Ramos, 31, foram presas na quarta-feira (29)

O recente caso de Ana Flávia Menezes Gonçalves , de 24 anos, suspeita de participar das mortes dos pais , Romuyuki e Flaviana Gonçalves, e do irmão, Juan Victor, de 15 anos, relembra outras histórias de parricídio — o assassinato dos próprios pais e mães – ocorridos em São Paulo.

A família foi encontrada morta num carro carbonizado no fim de janeiro em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Ana Flávia está presa preventivamente, ao lado da namorada Carina Ramos, mas ainda não foi indiciada. Nesta terça-feira, a polícia prendeu um terceiro suspeito de participação no crime.

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São fartos os episódios semelhantes ocorridos no passado. E vários os destinos de cada caso. O mais célebre é o de Suzane von Richthofen. Em 2002, aos 18 anos, ela planejou a morte dos próprios pais, ao lado do namorado Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian. Presa há 17 anos, ela voltou ao noticiário na semana passada ao ser aprovada para o curso de gestão de turismo no Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação de São Paulo (IFSP).

Outros casos antigos permanecem memoráveis. Em 2004, Gil Rugai foi condenado a 33 anos anos e nove meses de prisão pelo assassinato do pai e da madrasta. O crime ocorreu naquele ano, dentro da residência de Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino em Perdizes, na Zona Oeste da capital, onde os dois foram mortos a tiros. Gil já cumpriu mais de seis anos de pena, mas ainda nega participação no duplo homicídio.

Ele cumpre pena no presídio de Tremembé, na cidade de Taubaté, interior de São Paulo. O local é conhecido por abrigar "famosos", condenados por crimes de grande repercussão. Lá estão, por exemplo, Alexandre Nardoni, presto pela morte da filha Isabella, Roger Abdelmassih, condenado pelo estupro de 37 pacientes, e a própria Suzane von Richthofen.

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Já Kleber Galasso Gomes foi condenado em 2015 pela Justiça de São Paulo a uma pena de 23 anos e nove meses de prisão pela morte da mãe, a ex-jogadora de vôlei Magda Aparecida Galasso, ocorrido três anos antes. Na época do crime, Kleber, então com 22 anos, contou à polícia que esteve na Cracolândia pouco antes de voltar à sua casa e esfaquear Magda.

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Em 2010, Roberta Nogueira Tafner foi acusada, juntamente com o marido William Souza, de tramar a morte dos seus pais, o empresário Wilson Tafner e a mulher, a advogada Tereza Cobra. O crime foi cometido em Alphaville, condomínio de luxo na Grande São Paulo. De acordo com a polícia, o empresário foi atacado na cama, quando se preparava para dormir, com dez facadas. A mulher dele, que estava no quarto ao lado, assustou-se com os gritos e se levantou para ver o que acontecia. No corredor, ela levou 16 facadas.

Anos mais tarde, em 2017, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) anulou o júri que absolveu o casal. De acordo com a 16ª Câmara de Direito Criminal do TJ, os acusados teriam de ser julgados novamente. Os desembargadores entenderam que os jurados responsáveis por livrar Roberta e William não tiveram acesso a todas as provas. Os dois chegaram a ficar presos por três anos, entre 2010 e 2013, e já estavam em liberdade quando foram a júri popular.

Crime de adolescente

O caso Pesseghini, em 2013, teve um elemento ainda mais impressionante: a suspeita é de que tenha sido cometido por um adolescente. Segundo a polícia, Marcelo Pesseghini, então com 13 anos, teria matado sua família em casa. Seu pai, o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, foi o primeiro a ser morto, na Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. Cerca de dez horas depois, Marcelo teria assassinado a mãe, a avó e a tia. Em seguida, foi para a escola, onde contou para os colegas sobre os crimes, se suicidando mais tarde no mesmo dia.

Outras pessoas, no entanto, ficaram marcadas pelo crime mesmo após terem sido absolvidas. Em 1988, Jorge Delmanto Bouchabki, então com 18 anos, foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo por matar os pais, Jorge Bouchabki e Maria Cecília Bouchabki. O crime foi cometido na véspera do Natal, na Rua Cuba, num bairro nobre da capital paulista, endereço que deu nome ao caso.

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Ele acabou absolvido pela Justiça em duas instâncias. Atualmente, Bouchabki é advogado e atua em casos ligados à Operação Lava-Jato.

Além do crime do ABC, dois outros casos ocuparam os noticiários recentemente. Em Santo Expedito, interior paulista, Gustavo Bernardelli Cauneto, de 39 anos, confessou ter matado o vereador Valfrido Caunetto (PP) e Maria Vanda Bernardelli Cauneto. O filho do casal disse à Polícia Civil que cometeu o assassinato durante um surto psicótico, mas os investigadores não descartam uma possível disputa pela herança.

Em dezembro passado, foi Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo, o palco de um crime do tipo. Leonardo Henes Rubi, de 43 anos, confessou ter matado a faca os pais idosos, Dorotea Henes Rubi, de 71, e Eduardo Rubi Gimenes, de 76. Ele tentou se matar após o duplo homicídio e chegou a ser internado em Ribeirão Preto sob escolta, para então ser levado preso.

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