
Uma idosa australiana de 80 anos morreu em circunstâncias trágicas depois de não conseguir embarcar novamente em um cruzeiro turístico na Ilha Lizard, destino paradisíaco no extremo norte de Queensland. A vítima, identificada como Suzanne Rees, viajava sozinha a bordo do Coral Adventurer, embarcação que realizava uma viagem de 60 dias em torno da Austrália, com valor estimado em US$ 52,6 mil (cerca de R$ 300 mil). As informações são do NY Post.
Segundo autoridades locais, Rees participava de uma excursão organizada de trilha e mergulho quando foi deixada para trás. Ela teria passado mal durante uma caminhada sob forte calor e foi orientada a retornar sozinha ao ponto de partida. O navio, no entanto, partiu sem realizar a contagem de passageiros, e a ausência da idosa só foi notada horas depois, na noite de 25 de outubro.
A filha da vítima, Katherine Rees, afirmou ao jornal The Australian que houve uma “falha de cuidado e de bom senso” por parte da empresa.
“Entendemos, pela polícia, que era um dia muito quente e que mamãe passou mal durante a subida. Disseram para ela voltar, desacompanhada. O navio partiu aparentemente sem contar os passageiros. Em algum momento, ou logo depois, ela morreu sozinha” , relatou.
“Espero que a investigação revele o que a companhia poderia ter feito para salvar a vida dela.”

Queda e demora no alerta às autoridades
De acordo com a imprensa australiana, Suzanne Rees fazia uma trilha de cerca de 4 km até o ponto mais alto da Ilha Lizard, o Cook’s Look, percurso classificado como “desafiador” e indicado apenas para pessoas com bom preparo físico. Ela teria parado durante a subida e sofrido uma queda em um penhasco.
O desaparecimento só foi comunicado à polícia cinco horas depois, quando sua ausência foi notada no jantar. A tripulação retornou à ilha e iniciou buscas com lanternas, enquanto um helicóptero da Nautilus Aviation localizou o corpo no dia seguinte.
A polícia de Queensland classificou a morte como “repentina e sem indícios de crime”, mas abriu investigação para determinar se houve negligência e se a passageira poderia ter sido salva.
Empresa lamenta e diz colaborar com as investigações
A operadora do cruzeiro, Coral Expeditions, confirmou o ocorrido em comunicado divulgado ao site news.com.au.
“Podemos confirmar a morte trágica de uma passageira durante uma excursão na Ilha Lizard. As autoridades foram notificadas, e uma operação de busca e resgate foi iniciada. Posteriormente, fomos informados pela polícia de Queensland de que a mulher havia sido encontrada sem vida” , disse o diretor-executivo Mark Fifield.
“Estamos profundamente consternados e oferecendo todo o apoio à família. Continuaremos colaborando com as investigações.”
A companhia, que opera navios de pequeno porte com capacidade para até 120 passageiros e 46 tripulantes, afirmou que não comentará sobre reembolsos ou tratativas privadas com os familiares.
Especialistas questionam falha nos protocolos
O caso gerou repercussão nacional na Austrália. O especialista em cruzeiros Adrian Tassone, entrevistado pelo programa Sunrise, disse não compreender como o erro aconteceu:
“Companhias de cruzeiro normalmente têm controle rigoroso sobre quem está a bordo ou fora do navio. Se é verdade que ela foi deixada na ilha, é algo muito difícil de entender” , afirmou.
Segundo ele, sistemas eletrônicos de embarque e desembarque com cartões magnéticos costumam impedir falhas desse tipo.
“Com apenas 120 passageiros, é difícil imaginar que não tenha sido feita uma contagem. É surpreendente que não houvesse um procedimento mais robusto para evitar algo assim.”
Contexto da região
A Ilha Lizard fica a cerca de 1.600 quilômetros de Brisbane e 90 quilômetros de Cooktown, sendo considerada um dos destinos mais exclusivos do norte australiano. O local é famoso por suas trilhas íngremes, recifes de corais e águas cristalinas.
A investigação policial e o inquérito do legista devem esclarecer se houve negligência por parte da Coral Expeditions e se medidas de segurança foram descumpridas. A família de Suzanne Rees aguarda respostas.