O presidente da Argentina, Javier Milei, vai convocar os governadores e formar uma "mesa política nacional" após a derrota do partido governista nas eleições legislativas . O anúncio foi feito nesta segunda-feira (08) pelo porta-voz do governo nas redes sociais.
A instância será comandada pelo próprio Milei , em uma espécie de recomposição interna do núcleo de apoio da base do governo, para dar uma resposta à derrota nas eleições consideradas "esmagadoras", segundo o jornal La Nación. Também vai ser criada uma "mesa de diálogo com governadores", em que Milei vê a necessidade de recuperar as relações que foram desgastadas.
Em resposta, o governador de Salta, Gustavo Sáenz, que é da base governista, criticou a medida e disse que é "difícil" que as províncias o apoiem.
"Passamos de heróis a vilões"
Em entrevista à Rádio Rivadavia, segundo o Lá Nación, Sáenz questionou a decisão de Milei e a acusou de ser "a mesma de sempre", afirmando também que muitos líderes passaram de "heróis a vilões" à critério do chefe de Estado.
O político da base governista afirmou que a lealdade, frequentemente exaltada pelo presidente, deve ser uma via de mão dupla. Ele disse que muitos apoiadores se sentem desvalorizados, tratados como “pombas” em vez de “leões”. Segundo o dirigente, deixar de concordar com alguma decisão não significa se tornar inimigo do governo.
Sáenz disse ainda que se sente traído pelo presidente em relação às obras públicas e ao eleitorado: "Eles apresentam candidatos que me destroem e me dizem coisas terríveis, e depois esperam que eu concorde com isso" . Enquanto isso, analisa que é "difícil" para os governadores apoiarem o governo nacional se não houver reciprocidade.
Até as últimas atualizações desta terça (09), Gustavo Sáenz havia informado que ainda não foi convocado pela mesa de diálogo, soube de sua criação apenas pelas redes sociais.
Resposta às eleições
Neste segunda, um dia após as eleições legislativas na província de Buenos Aires, Javier Milei teve duas reuniões a portas fechadas com ministros para decidir medidas de fortalecer seu governo.
As eleições do último domingo (07) são consideradas um termômetro para as eleições nacionais de meio de mandato, marcadas para outubro. Os chamados “bonaerenses” foram às urnas para escolher 46 deputados e 23 senadores provinciais.
Milei descartou mudanças no gabinete e ordenou o restabelecimento da mesa política nacional, a criação de uma mesa de diálogo com governadores e ainda a expansão de uma terceira reunião com seu gabinete, segundo o La Nación.
Além do presidente Javier Milei, a mesa de diálogo contará com Karina Milei, Guillermo Francos, Patricia Bullrich, Santiago Caputo, Martín Menem e Manuel Adorni. A manutenção do presidente da Câmara no grupo foi interpretada como sinal de respaldo político após as críticas recentes. O primeiro encontro dessa nova etapa está marcado para terça-feira, às 9h30 (horário local).
A 48 dias das eleições gerais, o governo traçou uma estratégia para reagir ao resultado de domingo e seguir na disputa sem produzir baixas políticas. O plano envolve todos os setores da gestão, ainda que em frentes distintas.