Um deslizamento de terra devastou a vila de Tarasin, na região de Darfur Central, no Sudão, e deixou cerca de mil mortos, segundo informações divulgadas pelo Movimento de Libertação do Sudão-Exército (SLM-A), grupo rebelde que controla a área. O desastre, considerado um dos mais letais da história recente do país, ocorreu no último domingo (31) após dias de fortes chuvas nas Montanhas Marrah . As informações são da Public Broadcasting Service.
De acordo com a organização, a vila foi “completamente nivelada ao chão” e apenas uma pessoa sobreviveu. Em comunicado, o líder Abdel-Wahid Nour fez um apelo por ajuda internacional.
“A escala e magnitude do desastre são imensas e indescritíveis” , afirmou.
O Conselho Soberano, em Cartum, lamentou a morte de centenas de moradores e declarou ter mobilizado “todas as capacidades possíveis” para apoiar a região. Imagens divulgadas pela imprensa local mostram o vilarejo reduzido a escombros entre cadeias montanhosas, enquanto equipes improvisadas buscam por corpos.
A área atingida fica em uma região de difícil acesso, onde deslocamentos são possíveis apenas a pé ou em animais de carga. As Montanhas Marrah, localizadas a mais de 900 km da capital, são conhecidas por seu clima mais frio e chuvas mais intensas em comparação às áreas vizinhas, e fazem parte de um sítio considerado patrimônio mundial.
A tragédia em Tarasin reforça a gravidade da crise humanitária no país, onde mais de 30 milhões de sudaneses (mais da metade da população) dependem de ajuda internacional para sobreviver.
Tragédias naturais são comuns durante a temporada de chuvas no Sudão, que vai de julho a outubro. No ano passado, um rompimento de barragem no Mar Vermelho provocou a morte de pelo menos 30 pessoas, segundo dados da ONU.
Conflito agrava crise humanitária
A catástrofe natural ocorre em meio à guerra civil que assola o Sudão desde abril de 2023, quando confrontos entre as Forças Armadas e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) se intensificaram. Mais de 40 mil pessoas já morreram no conflito e 14 milhões foram forçadas a deixar suas casas, de acordo com estimativas da ONU.
Organizações humanitárias alertam que grande parte da região de Darfur está isolada, dificultando o envio de ajuda. Médicos Sem Fronteiras descreveu a situação como “um buraco negro” no sistema de resposta humanitária, com comunidades privadas de assistência há mais de dois anos.