
O Parque Nacional do Monte Rinjani anunciou na madrugada desta terça-feira (24) no Brasil, meio da tarde na Indonésia, que fechou temporariamente a trilha para o cume do vulcão para acelerar o resgate da brasileira Juliana Marins, que se acidentou enquanto fazia o trajeto no sábado (21).
"A trilha de escalada de Pelawangan Sembalun até o Cume do Rinjani está temporariamente fechada, a partir de 24 de junho de 2025, por tempo indeterminado (até que o processo de evacuação seja oficialmente concluído)" , diz o comunicado.
De acordo com a família de Juliana, "as autoridades do parque confirmaram que fecharam o último trecho da trilha, onde estão sendo realizadas as operações de resgate, para evitar a curiosidade dos turistas".
Resgate difícil
A manhã de terça-feira (noite de segunda no Brasil) marcou o quarto dia de buscas pela jovem. O resgate onde ela caiu é considerado difícil - o local é muito íngreme, com terreno instável, condição que se agrava devido à umidade e à neblina. De acordo com a família de Juliana, as operações foram retomadas às 6h do horário indonésio.
Uma live transmitida por voluntários envolvidos no resgate de Juliana trouxe atualizações em tempo real sobre a operação. Durante a transmissão, foi informado que a jovem, inicialmente localizada a cerca de 500 metros de profundidade, teria escorregado por uma fenda no paredão e descido ainda mais. Posteriormente, a família confirmou nas redes sociais que ela chegou a uma profundidade aproximada de 1.050 metros.Segundo as informações repassadas, uma das dificuldades enfrentadas no momento era o limite do comprimento das cordas utilizadas na descida, que não alcançariam o ponto onde Juliana se encontra.
Para viabilizar o avanço, os socorristas carregavam uma furadeira, que seria usada para perfurar a rocha e instalar um novo ponto de ancoragem, para que as cordas fossem fixadas com segurança para continuar o percurso.
Apesar de haver dois helicópteros disponíveis, como informado pela família de Juliana nas redes, as aeronaves ainda não foram utilizadas devido à intensa neblina e à previsão de chuva, e aguardam a autorização de espaço aéreo para entrar em ação.

Pelo menos quatro voluntários já haviam iniciado a descida até o ponto onde Juliana foi vista, quando a live foi encerrada. Segundo as últimas atualizações da família da jovem, eles alcançaram 400 metros de profundidade, mas ainda faltam cerca de 650 para chegar até ela.
Presença de autoridades
Nas redes, a família de Juliana relatou que há várias autoridades presentes nas redondezas do local. O governo indonésio foi alvo de críticas no início da operação, devido à falta de agilidade e à ausência de um protocolo de segurança voltado ao turismo de aventura.
Segundo eles, três planos diferentes estão sendo trabalhados simultaneamente. Todos visam garantir a retirada segura da brasileira, mesmo sem o uso do helicóptero.
Autoridades brasileiras também acompanham o caso. Em nota oficial emitida no domingo (22), o Itamaraty informou que a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades indonésias "no mais alto nível" desde que foi acionada pela família de Juliana.
O órgão afirmou, ainda, que dois representantes da embaixada foram enviados à região do Monte Rinjani para acompanhar presencialmente os esforços de resgate.
O Ministério das Relações Exteriores acrescentou que o embaixador brasileiro entrou em contato direto com a Agência Nacional de Combate a Desastres e com a Agência de Busca e Salvamento da Indonésia, e que o governo do Brasil pediu oficialmente reforços para a operação.
"O Ministro das Relações Exteriores, em nome do governo brasileiro, iniciou contatos de alto nível com o governo indonésio com o objetivo de pedir reforços no trabalho de buscas na cratera do Mount Rinjani", diz a nota.
Do Brasil, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva também declarou que o governo está empenhado em garantir o resgate de Juliana.
Pai de Juliana viajou para a Indonésia
O pai de Juliana, Manoel Marins Filho, embarcou nesta segunda para a Indonésia para acompanhar o resgate da filha.
"Obrigado a todos que estão se mobilizando, obrigado ao governo brasileiro, obrigado aos amigos e pessoas que eu nem conhecia e nem esperava, mas estão se mobilizando e fazendo o que é possível, nos apontando caminhos para que nós possamos trazer a Juliana sã e salva, que é o que nós esperamos, obrigada pelo esforço de todos", declarou.
Entenda o caso
A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, se acidentou durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. A brasileira, natural de Niterói, no Rio de Janeiro, fazia parte de um grupo de turistas que começaram a subir até o cume da montanha por volta das 2h da manhã (horário local).
O local é considerado um dos mais desafiadores do país asiático, devido ao terreno escorregadio e visibilidade comprometida pela névoa.
De acordo com relatos, Juliana estava acompanhada de um guia, mas foi deixada para trás em um certo ponto da trilha. Quando ele voltou para buscá-la, não a encontrou.

A publicitária sofreu uma queda de cerca de 300 metros, próximo ao ponto mais alto do vulcão, a mais de 3.000 metros de altitude. Imagens captadas por um drone de outro grupo de turistas mostram Juliana sentada em uma encosta, ferida e sem conseguir se mover, por volta das 17h10 do sábado (21).
Na segunda (23), Juliana foi localizada novamente, mas a 500 metros de profundidade. Segundo o Parque Nacional do Monte Rinjani, ela não apresentava sinais de movimento.
Relatos apontam que ela estava sem os óculos de grau, essenciais para sua visão, já que tem cerca de cinco graus de miopia, e usava apenas calça jeans, camiseta, luvas e tênis, sem agasalho suficiente para enfrentar o frio da montanha.