Donald Trump e o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã
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Donald Trump e o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã


Os ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos no sábado (21) contra três instalações nucleares do Irã  causaram danos severos em estruturas externas, mas não destruíram o programa nuclear do país, segundo avaliação preliminar da Agência de Inteligência de Defesa (DIA), órgão vinculado ao Pentágono.

A operação utilizou bombas “ bunker buster ”, projetadas para penetrar até 18 metros de concreto ou 61 metros de solo antes de explodir, mas, conforme fontes familiarizadas com o relatório revelaram à CBS, os principais componentes subterrâneos, como as centrífugas, permanecem na maioria intactos.

O documento indica que o programa nuclear iraniano pode ser retomado em poucos meses, dependendo do tempo necessário para escavar e reparar as estruturas.

Segundo a análise da DIA, parte do estoque iraniano de urânio enriquecido foi transferida antes dos bombardeios.

A estimativa é que cerca de 400 kg de urânio com 60% de pureza, suficiente para a produção de armas nucleares, tenha sido redirecionado para locais secretos, conforme também alertou Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em comunicado nesta terça-feira (24).

Contradições entre governo e inteligência

Apesar das informações técnicas, o presidente Donald Trump declarou em pronunciamento oficial que as instalações nucleares iranianas foram “ completamente e totalmente obliteradas ”.

A Casa Branca repudiou a divulgação do relatório da DIA, noticiada inicialmente pela CNN, classificando-o como “ tentativa clara de desmerecer ” o presidente e os militares envolvidos na operação.

Já o secretário de Defesa, Pete Hegseth, reforçou a versão de Trump, afirmando que a campanha aérea destruiu “a capacidade do Irã de produzir armas nucleares ”.

Contudo, o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA e um dos responsáveis pela operação, adotou um tom mais cauteloso ao declarar que os três alvos - Fordo, Natanz e Isfahan - sofreram “ danos extremamente severos ”, mas que a avaliação final continua em andamento.

Imagens de satélite confirmaram a presença de seis crateras recentes próximas aos acessos do complexo de Fordo, mas não foi possível verificar a extensão do impacto subterrâneo.


Retaliação e cessar-fogo

O Irã respondeu aos ataques lançando mísseis contra a base aérea de Al-Udeid, no Catar, que abriga tropas norte-americanas.

Os mísseis foram interceptados, e não houve registro de vítimas. Após o contra-ataque, Trump pediu um cessar-fogo entre Teerã e Tel Aviv.

O governo iraniano minimizou os danos. Hassan Abedini, diretor político da emissora estatal iraniana, afirmou que as instalações haviam sido evacuadas “ há algum tempo ” e que “ os materiais já haviam sido retirados ”, razão pela qual o país “ não sofreu um golpe significativo ”.

Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que as ações militares desde 13 de junho eliminaram “ duas ameaças existenciais ” ao seu país, sendo “ a aniquilação nuclear e o arsenal de 20 mil mísseis balísticos ”.

Especialistas como David Albright, do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, alertaram que o Irã enfrentará dificuldades para retomar seu programa nuclear, mas que esse cenário exigirá apenas “ tempo, investimento e energia ”.

Ele também apontou que o país está “ sob intensa vigilância dos EUA e Israel ” e poderá ser alvo de novos ataques caso tente reconstruir suas capacidades.

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