
O funeral do papa Francisco começou por volta das 10h deste sábado (26), no horário local, e às 5h no horário de Brasília. O caixão do pontífice foi levado para a Praça de São Pedro, no Vaticano, por carregado pelos Cavalheiros de Sua Santidade (funcionários do papa) e seguido por cardiais, em meio a um coral da Capela Sistina.
Cerca de 200 mil pessoas acompanham a cerimônia, além de dezenas de chefes de estado. O funeral do papa Francisco tem início com a Missa de Exéquias, uma celebração dedicada aos fiéis da Igreja Católica que faleceram.
O rito, que será conduzido pelo cardeal italiano Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais, inclui leitura evangelhos e uma fala do decano sobre a vida de Francisco. A escolha dele é feita a partir de um protocolo tradicional da Igreja Católica.
Após as falas iniciais do cardial Giovanni, o Salmo 23 foi lido como um Salmo Responsorial — momento da Missa em que um Salmo, ou parte dele, é recitado ou caltado por um salmista acompanhado do coro dos fiéis.
Início da homilia

O cardeal decano Giovanni Battista Re começou seu discurso relembrando as últimas ações de Francisco em vida, durante as celebrações da Páscoa, no qual o papa conseguiu dar uma última volta no papamóvel e cumprimentar os fiéis, no dia que antecedeu sua morte.
O sacerdote seguiu para a leitura do Evangelho segundo João, que traz a passagem em que Jesus pergunta a Pedro três vezes se ele o ama. Depois, Jesus pede que o apóstolo apascenta suas ovelhas.
O cardeal responsável pela cerimônia destacou características marcantes do papado de Francisco. Giovanni afirmou que ele foi "um papa de todos", que soube dialogar com quem não era da Igreja. Para ele, o pontífice trouxe novidades importantes para o catolicismo ao abraçar as minorias e por sempre buscar ajudar os mais necessitados.
O trato de Francisco com as guerras que assolam o mundo também foi lembrado pelo cardeal. Giovanni comentou uma passagem do pontífice sobre a necessidade de buscar a paz em tempos de conflito, que devemos "construir pontes e não muros" entre as nações. No final do discurso, o sacerdote se dirigiu diretamente ao papa, pedindo que ele olhe sempre para Igreja e os fiéis.
“Que o Senhor abençoe a Igreja, abençoe Roma e abençoe o mundo inteiro, como fez no domingo passado, da sacada desta basílica, em um abraço final com todo o povo de Deus, mas também abrace a humanidade que busca a verdade com um coração sincero e ergue a tocha da esperança”, orou o cardeal.
Oração Universal

A cerimônia seguiu para a Oração dos Fiéis, momento em que diferentes pessoas fazem uma breve oração em seis línguas diferentes. A terceira leitura, em português, foi feita pela brasileira Bianca Fraccalvieri, jornalista e coordenadora das redes sociais do Vaticano.
"Pelos povos de todas as nações: que, praticando incansavelmente a justiça, possam estar sempre unidos no amor fraterno e busquem incessantemente o caminho da paz", orou a brasileira.
Ofertório e Liturgia Eucarística
Em seguida, os ritos seguiram pelo Ofertório, no qual oferendas são levadas ao altar para serem consagrados, e pela oração eucarística, em que os cardeais leram as orações previstas para a cerimônia. O sacerdote convidou os que acompanham o funeral a elevar as orações a Deus por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo.
Após as orações, os cardeais realizaram a comunhão, considerado no catolicismo como o sacramento da Eucaristia, recebendo em suas línguas uma hóstia consagrada molhada no vinho.
Na continuação da liturgia, patriarcas e bispos de outras vertentes da Igreja Católica, como das igrejas orientais, realizaram seus ritos próprios no caixão de Francisco.
Ritos finais

Os cardeais retornaram para a Basílica de São Pedro, seguido pelo caixão do papa Francisco. O pontífice será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, fora do Vaticano. Após a Missa de Exéquias, haverá um cortejo fúnebre “em ritmo de caminhada” até o local, a cerca de 5,5 km de distância. O percurso inclui locais importantes de Roma, como o Coliseu.
O sepultamento será feito em uma cerimônia privada. As visitas do público ao túmulo poderão ser feitas a partir deste domingo (27). Quebrando o protocolo tradicional dos papas de serem sepultados nas grutas sob a Basílica de São Pedro, Francisco é o primeiro papa em mais de um século a ser enterrado em lugar diferente. O último papa a ser sepultado fora do Vaticano foi Leão XIII, que morreu em 1903.