Presidente Lula encerrou nesta terça-feira, 19, liderança do Brasil no G20
Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula encerrou nesta terça-feira, 19, liderança do Brasil no G20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta terça-feira (19) no encerramento da  Cúpula de Líderes do G20 no Brasil. O evento aconteceu no Rio de Janeiro e terminou com a passagem do bastão da liderança para a África do Sul.

O Brasil, no último ano, foi responsável por coordenar o G20, e a cúpula da última semana discutiu ideias para o desenvolvimento sobre “perspectivas que interessam à vasta maioria da população mundial.”

No discurso, Lula relembrou como este foi o terceiro de quatro anos nos quais “a liderança do G20 coube a países em desenvolvimento.” Anteriormente, Indonésia e Índia assumiram a liderança; agora, África do Sul fecha o cortejo.

Discurso de Lula

Lula aproveitou o encerramento para relembrar os principais tópicos discutidos durante a liderança do Brasil: mudança climática, luta contra fome e pobreza, e taxação de grandes riquezas (o presidente chamou este de “debate inédito”).

Na ideia de passar o bastão para a África do Sul, o Brasil trabalhou a ideia de economia e endividamento, assim como desenvolvimento e maior transparência em bancos.

A violência de gênero também foi pauta importante do ano. Como explicou o presidente: “Instalamos o Grupo de Trabalho sobre Empoderamento das Mulheres e propusemos um décimo oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para promover a igualdade racial.”

Passagem do bastão para África do Sul

Lula, durante o discurso, passou o bastão para Ramaphosa, presidente da África do Sul. Com a transferência, fechou-se um ciclo no qual todos os países do G20 tiveram oportunidade de exercer a liderança do grupo.

O presidente do Brasil disse que, com o passado, há possibilidade de avaliar perspectivas e entender pontos de melhoria: “É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G20 para o presidente Ramaphosa.”

Lula acrescentou:

“Esta não é uma transmissão de presidência comum – é a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África. Agradeço a todos os que contribuíram com a presidência brasileira, em especial as pessoas que trabalharam para viabilizar os resultados que alcançamos. Desejo ao companheiro Ramaphosa todo sucesso na liderança do G20. A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar.”

Leia o discurso de Lula no G20 na íntegra:

"O Brasil completa hoje a penúltima etapa de uma sequência de quatro anos em que a liderança do G20 coube a países em desenvolvimento.

Indonésia, Índia, Brasil e, agora, África do Sul trazem à mesa perspectivas que interessam à vasta maioria da população mundial.

Partindo de Bali, passando por Nova Délhi e chegando ao Rio de Janeiro, buscamos promover medidas com impacto concreto sobre a vida das pessoas.
Lançamos uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e iniciamos um debate inédito sobre a taxação de super-ricos.

Colocamos a mudança do clima na agenda dos Ministérios de Finanças e Bancos Centrais e aprovamos o primeiro documento multilateral sobre bioeconomia.

Fizemos um Chamado à Ação por reformas que tornem a governança global mais efetiva e representativa e dialogamos com a sociedade por meio do G20 Social.

Lançamos um roteiro para tornar os bancos multilaterais de desenvolvimento melhores, maiores e mais eficazes e demos voz aos países africanos na discussão sobre o endividamento.

Instalamos o Grupo de Trabalho sobre Empoderamento das Mulheres e propusemos um décimo oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para promover a igualdade racial.

Definimos princípios-chave sobre comércio e desenvolvimento sustentável e adotamos o compromisso de triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030.

Criamos uma Coalizão para a Produção Local e Regional de Vacinas e Medicamentos e decidimos expandir o financiamento para infraestruturas de água e saneamento.

Sediamos eventos da Rodada de Investimentos da Organização Mundial da Saúde, por acreditar que mais recursos são necessários para uma resposta coletiva a novos e persistentes desafios sanitários.

Aprovamos uma Estratégia para Promover a Cooperação em Inovação Aberta contra assimetrias na produção científica e tecnológica e decidimos estabelecer uma força tarefa sobre a governança da inteligência artificial no G20.

Neste ano, realizamos mais de 140 reuniões em 15 cidades brasileiras.
Voltamos a adotar declarações consensuais em quase todos os grupos de trabalho.

Deixamos a lição de que, quanto maior for a interação entre as trilhas de sherpas e de finanças, maiores e mais significativos serão os resultados dos nossos trabalhos.

Trabalhamos com afinco, mesmo cientes de que apenas arranhamos a superfície dos profundos desafios que o mundo tem a enfrentar.

Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido, pelo menos uma vez, a liderança do grupo.

Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante.

Temos a responsabilidade de fazer melhor.

É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G20 para o presidente Ramaphosa.

Esta não é uma transmissão de presidência comum – é a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África.

Agradeço a todos os que contribuíram com a presidência brasileira, em especial as pessoas que trabalharam para viabilizar os resultados que alcançamos.

Desejo ao companheiro Ramaphosa todo sucesso na liderança do G20. A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar.

Lembro as palavras de outro grande sul-africano, Nelson Mandela, que disse: é fácil demolir e destruir; os heróis são aqueles que constroem.

Vamos seguir construindo um mundo justo e um planeta sustentável. Muito obrigado."

** Jornalista pelo Mackenzie e cientista social pela USP, trabalha com redação virtual desde 2015 e teve passagem em grandes redações do Brasil. Curte cultura, política e sociologia.

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