O presidente da Argentina, Javier Milei , ameaça atrapalhar pautas importantes da cúpula do G20, evento que reúne chefes de Estado no Rio de Janeiro no início da próxima semana. As informações são da colunista Julia Duailibi, do G1.
O governo de Milei tem resistido à menção no texto final sobre a tributação dos super-ricos, uma das principais pautas a serem discutidas no G20. Além da resistência, Milei quer retroagir nos termos usados no texto assinado em outubro, em Washington, pelos ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais.
A taxação dos super-ricos é um dos pontos fundamentais da agenda brasileira, que preside o encontro no Rio. Segundo o g1, o governo Lula quer avançar no assunto, até como forma de amenizar o impacto do ajuste fiscal. O objetivo é fortalecer o discurso de que todos vão ter de colaborar com o ajuste fiscal, inclusive os milionários, por meio de uma tributação maior.
Além da pauta, a Argentina também ameaça barrar manifestações específicas sobre o meio ambiente. Milei chegou a retirar a delegação do país da COP29, encontro desta semana para discutir o clima, no Azerbaijão. Os argentinos se recusaram a assinar, em outubro, um texto negociado entre ministros sobre igualdade de gênero.
Encontro com Trump
A resistência dos argentinos cresceu nos últimos dias nos encontros que vêm sendo tocados pelos negociadores do país, em um momento em que Donald Trump vence a eleição nos Estados Unidos, dando força à agenda extremista de Milei.
Milei se encontrou com Donald Trump em um jantar de gala organizado em Mar-a-Lago, na Flórida, para comemorar a vitória do republicano nas eleições presidenciais dos EUA . O mandatário argentino foi o primeiro líder estrangeiro a se encontrar com Trump.
Na ocasião, Milei discursou e descreveu a eleição de Trump como o "maior retorno político da história". "Graças a isso, hoje o mundo é um mundo muito melhor. Hoje, sopram os ventos da liberdade, sopram com muito mais força", acrescentou o presidente argentino.
De olho na guinada da agenda internacional, Milei demitiu a chanceler Diana Mondino e colocou no lugar Gerardo Werthein, embaixador nos Estados Unidos.
Resposta
Para a declaração final do G20 sair, a Argentina precisa tomar uma decisão sobre a pauta, se vai concordar com os termos ou se opor ao conteúdo e não assinar. O texto aprovado em outubro, em Washington, por todos os ministros da Fazenda e presidentes de banco central do G20, mencionava a taxação dos super-ricos.
O texto afirma: “Continuaremos a trabalhar juntos em direção a um sistema tributário internacional mais justo, inclusivo, estável e eficiente, adequado ao século XXI, reafirmando nosso compromisso com a transparência tributária e fomentando o diálogo global sobre tributação efetiva, incluindo de indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto, entre outras questões. Com total respeito à soberania tributária, esperamos discutir áreas potenciais de cooperação para garantir que indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados”.