Um vídeo de um ataque israelense a um prédio residencial em Beirute, no Líbano, na última terça-feira (22) viralizou nas redes sociais devido à potência do projétil, que destruiu o prédio em questão de segundos. A arma utilizada por Israel é uma bomba guiada, conhecida também como ' bomba inteligente' e uma das mais poderosas de seu arsenal. Assista ao momento do ataque:
As seções da cauda e do nariz apontam que o míssil era uma ogiva de 1 tonelada equipada com um kit de orientação israelense conhecido como SPICE, segundo informou o pesquisador sênior de conflitos, crises e armas da Human Rights Watch, Richard Weir, à Associated Press (AP).
A analista de defesa e militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos Joseph Dempsey concorda com a visão de Weir, e afirma que, pela análise das imagens, arma era uma bomba SPICE de 2.000 libras.
Sistemas SPICE
Os sistemas de orientação SPICE — Smart, Precise-Impact and Cost-Effective — são acoplados ao projétil não guiado para direcionar a arma ao alvo. Eles são feitos em pelo menos duas versões pela Rafael Advanced Defense Systems, que pertence ao governo israelense.
Segundo a própria Rafael, os kits SPICE podem operar dia ou noite, em condições climáticas adversas e em áreas bloqueadas por GPS. De acordo com a empresa, esses kits oferecem "alta letalidade e baixo dano colateral" e "precisão de acerto preciso", uma vez que usam sistemas de orientação eletro-ópticos, que usam câmeras ou sensores para zerar o alvo da bomba.
“Este foi claramente um fusível de ação retardada. Ele enterrou-se no chão (e) detonou, o que tem o efeito de limitar a fragmentação e os danos da explosão deste ataque em particular”, disse Weir.
Além disso, o kit SPICE consegue manter a aeronave atacante fora de perigo. A versão de 2.000 libras pode ser lançada a até 60 quilômetros de seu alvo.
Onde esse tipo de bomba é fabricado?
"Os kits de orientação para o SPICE 2000 são fabricados pela Rafael em Israel, embora o nível de dependência de subcomponentes estrangeiros não esteja claro", afirma Dempsey.
De fato, a empresa assinou um contrato com a Lockheed Martin, dos EUA, para a construção e venda conjunta dos kits de orientação SPICE no país norte-americano. Estima-se que, na época, a produção de mais de 60% do sistema SPICE estava espalhada por oito estados dos EUA.
No fim de outubro de 2023, dias após o ataque do Hamas em 7 de outubro, o Departamento de Estado dos EUA emitiu uma carta aprovando a exportação de conjuntos adicionais de bombas SPICE para Israel.
Na carta, Washington notificou o Congresso que a Rafael USA, uma subsidiária americana da empresa de defesa israelense, estava buscando a remessa de US$ 320 milhões - a solicitação foi uma emenda a uma licença concedida em 2020, de US$ 403 milhões. O embarque dessas bombas já foi interrompido no início do ano, com o agravamento da situação na Faixa de Gaza.
No entanto, a ogiva explosiva é uma bomba básica, provavelmente um explosivo estilo MK-84 de 2.000 libras, onde a seção do nariz e da cauda foram trocadas pelo sistema de orientação.
Não há certeza sobre o lugar onde essa parte trocada da bomba foi produzida, uma vez que Israel depende dos EUA para esses suprimentos, mas pode produzir ou importar esses elementos de outros países.
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