O tribunal criminal de Vaucluse decidiu, nesta sexta-feira (4), que irá exibir ao público e à imprensa os vídeos e fotos difundidos durante os debates no julgamento de estupros de Mazan.
Esta decisão, descrita como uma "vitória" pelos advogados de Gisèle Pelicot , foi anunciada pelo presidente do tribunal, Roger Arata, após um debate de quase duas horas no início da audiência de hoje e depois de uma deliberação da Corte de 90 minutos.
A difusão das imagens será, contudo, precedida de um "anúncio de autorização de saída da sala para pessoas sensíveis e menores", disse o magistrado.
Desde o começo do julgamento, em 2 de setembro, em Avignon, a sala de audiência está reservada ao tribunal, às partes e à imprensa. O público está em uma sala de transmissão anexa.
Vale lembrar que essas exibições, no entanto, serão “não sistemáticas” e apenas ocorrerão em casos “estritamente necessários à manifestação da verdade”, a pedido de uma das partes, disse Arata.
No dia 20 de setembro, ao final da terceira semana de debates, o juiz-presidente Arata proibiu a divulgação das imagens ao público e à imprensa:
"Considerando que essas imagens são indecentes e chocantes, isso será feito na presença apenas das partes do julgamento", afirmou.
Cinco dias depois, a defesa de Gisèle Pelicot voltou a pedir pelo fim das restrições, em nome da luta que ela agora trava contra a violência sexual. E foi sobre as suas conclusões escritas que as partes debateram longamente no tribunal na manhã de sexta-feira.
Pelicot, que foi estuprada durante uma década pelo seu marido e por dezenas de homens que ele recrutou na internet, após dopá-la com ansiolíticos, se opôs à sessão fechada desde o início dos debates no dia 2 de setembro.
Inicialmente, o tribunal decidiu por debates totalmente públicos, até a decisão de 20 de setembro.
"Para Gisèle Pelicot, é tarde demais, o estrago está feito", argumentou nesta sexta-feira um de seus advogados, Stéphane Babonneau. "Mas se esses mesmos debates, através da sua publicidade, impedirem que outras mulheres tenham de passar por isso, então ela encontrará sentido no seu sofrimento", concluiu.
Vários advogados dos 50 corréus do julgamento, entretanto, foram veementemente contra a presença do público e da imprensa durante a transmissão dos vídeos.
"A justiça não precisa que isso aconteça. Para que servem estas projeções nauseantes? Tínhamos direito a uma projeção de um primeiro caso. Um filme não bastava?", implorou o advogado Olivier Lantelme, sem sucesso.
Os vídeos dos fatos relativos a alguns dos réus serão exibidos na tarde de sexta-feira, anunciou o presidente do tribunal.
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