A relação entre Venezuela e Argentina acordou mais estremecida nesta terça-feira (13), após o governo venezuelano ter anunciado que fechou seu espaço aéreo para voos da Argentina. Em resposta, o governo argentino afirmou que vai ações diplomáticas contra Caracas.
O motivo da crise? Um Boeing 747 da Emtrasur, subsidiária de carga da empresa aérea estatal venezuelana Conviasa, que foi retido pelas autoridades argentinas em 2022 a pedido dos Estados Unidos.
Como tudo aconteceu
O avião venezuelano aterrissou em Córdoba em junho de 2022, quando levava o carregamento de peças automotivas do México. Ele não saiu de lá após as autoridades do aeroporto atenderem a um pedido de confisco dos EUA.
O argumento do governo norte-americano era de que a aeronave havia sido comprada de uma linha aérea iraniana sancionada pelos Estados Unidos, a Mahan Air. Segundo os EUA, a empresa teria ligação com as Forças Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã.
Os 14 venezuelanos e cinco iranianos que estavam no avião também foram detidos temporariamente. Mesmo após a liberação da tripulação, o boeing continuou em solo argentino, aguardando deliberação da Justiça sobre o caso.
Foi só dois anos depois, em fevereiro de 2024, que uma decisão judicial concluiu que o voo da aeronave até Córdoba violou uma normativa norte-americana de controle de exportações. Por isso, ela foi entregue às autoridades dos Estados Unidos pelo governo de Javier Milei, o que estremeceu ainda mais a relação entre o presidente argentino e Maduro.
Resposta da Venezuela
No dia 29 de fevereiro, Maduro fez uma postagem no X (antigo Twitter) afirmando ter descoberto que a aeronave foi totalmente desmantelada pelos americanos.
“Foi cometido um crime contra um avião da Conviasa Emtrasur que foi sequestrado, tiraram as cores da bandeira, apagaram o nome de Luisa Cáceres de Arismendi e depois o cortaram em pedaços. Esse é o ódio que têm pela Venezuela revolucionária e bolivariana… É ultrajante! É um crime contra um avião que pertencia a todo o povo venezuelano…”, disse.
Em retaliação, Caracas anunciou o fechamento de seu espaço aéreo para quaisquer voos da Argentina, independentemente de sua categoria: de carga, turísticos, comerciais ou privados.
O ministro das Relações Exteriores de Maduro, Yván Gil, também usou o X para defender a soberania da Venezuela sobre seu espaço aéreo e chamou o governo argentino de “neonazista”, “submisso” aos Estados Unidos, além de acusar o país de “pirataria e roubo”.
“A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente compensada pelos danos causados”, declarou Gil.
Como o fechamento do espaço aéreo afeta Buenos Aires?
A decisão do governo venezuelano afeta uma das principais companhias aéreas do país, a estatal Aerolíneas Argentinas. Isso porque grande parte das rotas da empresa precisam cruzar o espaço aéreo venezuelano — por exemplo, em viagens para os Estados Unidos, principalmente Nova York e Miami, além da turística Punta Cana, na República Dominicana.
As autoridades argentinas prometeram retaliação à restrição aérea da Venezuela. O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, afirmou que a resposta argentino a Caracas será com “ações diplomáticas”. “A Argentina não se permitirá ser extorquida por amigos do terrorismo”, disse.
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