Familiares de reféns do grupo fundamentalista islâmico Hamas, ainda detidos na Faixa de Gaza , invadiram na manhã desta segunda-feira (22) uma sessão do comitê de finanças do Knesset, o Parlamento israelense, para pedir uma ação urgente para a libertação de seus parentes sequestrados há mais de três meses.
A invasão faz parte do protesto que ocorre desde ontem à noite perto da residência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Jerusalém .
O grupo critica o líder israelense pela falta de ação para trazer os reféns para casa "antes que seja tarde demais".
As autoridades israelenses retiraram os manifestantes da comissão e suspenderam os trabalhos no Parlamento.
O protesto ocorre no dia em que as tropas israelenses avançam gradualmente para o oeste, em Khan Yunis, no sul da faixa de Gaza, e em direção a Rafah.
De acordo com a rádio militar, o Exército de Israel cercou o hospital Nasser e está completando o isolamento do centro da cidade. Os militares também chegaram à Universidade de al-Aqsa e estão a um quilômetro da zona humanitária de Moassi, perto do mar, onde se encontram milhares de deslocados.
O edifício central do Crescente Vermelho em Khan Yunis também foi sitiado, e os militares israelenses paralisaram efetivamente todas as suas atividades. Tanques cercaram o prédio e atiradores de elite estão posicionados nos telhados das construções próximas.
Dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde de Gaza revelaram que ao menos 25.295 pessoas perderam a vida na região desde o início do conflito, em 7 de outubro.
Mais cedo, o alto representante para Política Externa da UE, Josep Borrel, questionou "quando serão muitas as mortes em Gaza" e anunciou que a situação na região será discutida no Conselho da UE com ministros das Relações Exteriores do bloco.
"A situação humanitária em Gaza não poderia ser pior, não há alimentos, remédios e as pessoas estão sob bombas. Alguns ministros aceitam que há muitas vítimas civis, mas quando é suficiente?", questionou Borrell, enfatizando que esta "não é a forma de conduzir uma operação militar".
Para ele, "de agora em diante devemos falar de uma solução de dois Estados e não de um processo de paz". "Sei que Israel não concorda, mas é inaceitável, como disse o secretário-geral da ONU. Portanto, precisamos discutir. Qual é a solução? Expulsar as pessoas de Gaza? Matá-las a todas? Israel tem incitado o ódio há gerações", ressaltou.
De acordo com Borrell, o "Hamas é um dos obstáculos à solução de dois Estados, mas não o único. Devemos trabalhar com o mundo árabe e discutir abordagens entre nós para alcançar o progresso".
Paralelamente, a chanceler belga, Hadja Lahbib, fez um apelo, em nome da Bélgica e da presidência da UE, para pedir um cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns, o respeito pelo direito internacional, o regresso ao processo de paz que deve conduzir à criação de dois estados".
"Existe um risco claro de regionalização do conflito. A violência também precisa parar na Cisjordânia. Esperamos poder organizar uma conferência de paz em Bruxelas, num futuro mais ou menos próximo, que possa verdadeiramente relançar o diálogo político", destacou ela.