No dia 13 de outubro, o ataque que matou um cinegrafista da agência de notícias Reuters e feriu outras seis pessoas no sul do Líbano foi realizado pelos militares israelenses, de modo aparentemente deliberado. A informação é da ONG internacional Human Rights Watch, e foi divulgada nesta quinta-feira (7).
Segundo a Human Rights Watch, sete jornalistas da Reuters, Al Jazeera e Agence France-Presse estavam no topo de uma colina, há mais de uma hora filmando e transmitindo bombardeios entre o exército israelense e libaneses aliados do Hamas.
O grupo estava usando jaquetas anti balísticas marcadas como “Imprensa” e um carro marcado como “TV” quando foram atacados num ponto visível para os militares que estavam a mais de um quilômetro de distância.
O Comitê para Jornalistas do projeto, que disse ter recebido bem os relatórios de quinta-feira, disse ter encontrado um padrão de uso de força letal contra jornalistas pelas Forças de Defesa de Israel que remonta a anos atrás, mas que “ninguém jamais foi responsabilizado”.
A ONG informa que analisou novas evidências, entre elas dezenas de vídeos do assassinato, fotografias e imagens de satélite, além de entrevistas com testemunhas e especialistas militares.
A conclusão foi que a equipe de jornalistas não estava perto de nenhuma área de combate, sem nenhum militar no grupo. “O ataque à posição dos jornalistas visou-os diretamente”, afirmou o relatório que classifica o ataque como um crime de guerra.
A Reuters fez e publicou sua própria investigação sobre o ataque. “As evidências que temos agora, e que publicamos hoje, mostram que uma tripulação de um tanque israelense matou nosso colega Issam Abdallah”, disse a editora-chefe da Reuters, Alessandra Galloni. No comunicado, Alessandra também apelou para que Israel explique como isso pode ter acontecido, e responsabilize os culpados.
Outro grupo de direitos humanos, a Anistia Internacional, fez um relatório separado e independente que apontou algumas informações idênticas às apuradas pela Reuters e pelo Human Rights Watch.
Segundo a Anistia Internacional, os jornalistas estavam parados, e suas marcações “deveriam ter fornecido informação suficiente às forças israelitas de que se tratavam de jornalistas e civis e não de um alvo militar”, concluindo que Abdallah foi morto por um tiro de tanque disparado de Israel. Já o segundo ataque teria partido de outra arma, provavelmente um míssil teleguiado pequeno.