O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursou nesta quinta-feira (07) durante a Cúpula do Mercosul, que acontece no Rio de Janeiro. Durante a fala, o petista fez críticas a Europa, afirmando que eles foram os responsáveis pelo fracasso das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Com isso, Lula confirmou que os dois blocos econômicos não fecharam um acordo, apesar das tentativas que se estendiam nas últimas semanas.
O presidente disse que era uma "sonho" que o acordo fosse fechado durante sua gestão. Ele ainda afirmou que convidou o presidente espanhol, Pedro Sánchez, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para irem ao Rio de Janeiro, caso o acordo fosse firmado.
Lula teria conversado com diversos líderes europeus, na tentativa de conseguir fechar o acordo entre os blocos econômicos. Um dele foi o presidente francês, Emmanuel Macron, que encontrou com Lula na semana passada durante a COP28, em Dubai. "Eu fiz um apelo a ele para que ele deixasse de ser tão protecionista", relembrou o petista. Vale ressaltar que todos os ex-líderes da França mantiveram uma postura firme contra abrir o mercado agrícola.
O presidente brasileiro tentou convencer o líder francês através da ajuda do chanceler alemão, Olaf Scholz, mas, segundo Lula, "ele não deu retorno, o que significa que também não conseguiu".
Atual texto
O Brasil possui um acordo com a UE, que foi negociada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Entretanto, para Lula, o pacote é visto como "inaceitável".
O texto novo defendido pelo petista seria mais equilibrado, ainda que seja "insuficiente". Um dos pontos discutidos é sobre a industrialização, onde o governo brasileiro insistia na preservação dos espaços, protegendo certos setores na área de compras governamentais.
"A resistência da Europa é muito grande. Estranho a falta de flexibilidade deles". Segundo o presidente, o Mercosul tem o direito de se industrializar.
Para Lula, a maneira como o Velho Continente trata o Mercosul em alguns aspectos, como as exigências ambientais que os europeus apresentaram, passa a imagem de como se fossem "países colonizados", sendo uma "falta de respeito".
Mesmo que tenha divergências quanto as exigências europeias no quesito ambiental, Lula voltou a levantar a meta do desmatamento zero até 2030. Entretanto, ele criticou o pedido de verificação dos desmatamentos nos países pedido pelos europeus, sem que seja passado pelos dados nacionais. "Eles precisam reconhecer nosso sistema de monitoramento", continuou dizendo que não há necessidade de ficar "prestando contas a qualquer um".