Vilhelm Junnila é membro do Partido dos Finlandeses, que tomou posse em 20 de junho de 2023
Lehikuva/Reuters
Vilhelm Junnila é membro do Partido dos Finlandeses, que tomou posse em 20 de junho de 2023

O ministro da Economia da Finlândia, Vilhelm Junnila, renunciou a seu cargo nesta sexta-feira (30), após chegar a amplo conhecimento da população uma sequência de falas e publicações em que fazia referência ao  nazismo. Membro do Partido dos Finlandeses (antigo Verdadeiros Finlandeses), de  extrema direita, Junnila teve o menor tempo de mandato na história do país, ficando apenas dez dias à frente da pasta.

Como  ministro da Economia, Junnila era, naturalmente, embaixador comercial da Finlândia, cujo maior parceiro comercial é a Alemanha. O parlamento finlândes, então, passou a encarar com desconfiança o ex-ministro após chegar às redes um vídeo em que ele discursava na Coalizão de Nacionalistas, em 2019 – uma conferência onde alguns neonazistas estavam presentes, conforme noticiou a emissora finlandesa Yle.

No mesmo ano, Junnila brincou sobre o número eleitoral do partido, dizendo que “88 refere-se, é claro, aos dois 'H's, mas não vamos nos alongar sobre isso”. Historicamente, o número é simbólico e usado por supremacistas brancos como um código para a saudação nazista "Heil Hitler", referindo-se a oitava letra do alfabeto, "H".


Desde que a polêmica tomou os noticiários do país na última semana, mais publicações controversas foram encontradas nas redes sociais de Vilhelm Junnila. Em uma postagem de 2014, ele brinca sobre uma foto de um boneco de neve semelhante a um membro encapuzado da Ku Klux Klan.

Em 2019, Junnila pediu que a Finlândia apoiasse o aborto na África como medida para conter o crescimento populacional e combater as mudanças climáticas. Depois da repercussão, ele disse que estava apenas apoiando o direito reprodutivo das mulheres. Contudo, Junnila votou contra uma lei que facilitava o acesso ao aborto no próprio país em 2022.


A oposição havia pedido, na quarta-feira (28), que Junnila fosse afastado do cargo, mas a Casa legislativa, de maioria conservadora, o manteve à frente da pasta, com 86 votos a favor do afastamento ante os 95 que decidiram sua permanência. No comunicado sobre sua renúncia, Junnila disse que “apesar da confiança do partido e do grupo parlamentar, vejo as coisas assim: para a continuação do governo e da reputação da Finlândia, acho impossível para mim continuar como ministro de forma satisfatória”.

Ele assumiu o ministério da Economia no último dia 20, depois que seu partido venceu, em abril, a coalizão da social-democrata  Sanna Marin, ex-primeira-ministra do país. Após assumir o cargo, ele condenou o Holocausto e o anti-semitismo em uma publicação nas redes sociais.

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