O Judiciário do Irã informou nesta segunda-feira (17) que oito prisioneiros morreram após um incêndio na prisão de Evin, no Teerã, durante o último final de semana. Ao mesmo tempo, o país vive uma onda de pressão sobre o governo, que lutar para conter protestos em massa ao redor do local .
A morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que havia sido detida por não usar o hijab, véu que cobre os cabelos, de maneira adequada, provocou protestos em todo o país.
De acordo com o Judiciário iraniano, todas as vítimas do incêndio na prisão estavam encarceradas em uma seção para presos políticos e relacionados a roubos. No local, há prisioneiros políticos e muitos detidos que enfrentam acusações de segurança.
Segundo informações da agência de notícias Reuters , as autoridades disseram que uma parte da prisão foi incendiada "depois de uma briga entre vários prisioneiros condenados por crimes financeiros e roubo". As quatro primeiras mortes que haviam sido confirmadas foram causadas por inalação de fumaça. Mais de 60 pessoas ficaram feridas, sendo que quatro delas ficaram em estado grave.
Em declaração, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã , Nasser Kanaani, afirmou que o incêndio na prisão poderia ter acontecido em qualquer país.
Entre os que criticaram a repressão do Teerã aos manifestantes estão o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a União Europeia. O bloco considera, inclusive, determinar congelamentos de ativos e proibições de viagem a autoridades iranianas envolvidas.
O porta-voz do Judiciário, Masoud Setayeshi, disse que "difundir mentiras com a intenção de perturbar a opinião pública é punível por lei".
Nas redes sociais, famílias de alguns presos políticos pediram que as autoridades garantissem a segurança em Evin, já que, em 2018, o presídio foi colocado em uma lista dos EUA por "graves abusos de direitos humanos".
Os protestos contra a morte da jovem iraniana se tornaram um dos maiores desafios para o país. As manifestações foram retomadas nesta segunda em Yazd e várias outras cidades.
No momento em que foi presa, Mahsa visitava a capital do país com sua família, quando foi abordada pelos agentes da polícia da moralidade, sendo presa em seguida, acusada de usar de maneira incorreta o hijab e pelo fato de não trajar roupas largas nos braços e nas pernas, segundo a BBC. Logo após a abordagem, ela chegou a desmaiar enquanto era levada para um centro de detenção para ser “educada”.
Segundo o Financial Times, a jovem não tinha histórico de ativismo político, sem ter qualquer registro de manifestações contra as restrições sociais e políticas impostas pelo governo do país. Ainda segundo o jornal, a última foto publicada por Mahsa antes de sua prisão era um registro com a família do passeio pela capital do país.
De acordo com a ONG Iran Human Rights, mais de 200 manifestantes já morreram em meio aos protestos por Mahsa Amini . A organização aponta ainda que 23 crianças foram mortas desde a eclosão das manifestações.
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