Na vila de Golovin , situada a 80 quilômetros a leste de Nome, relatos iniciais indicavam que até uma dúzia das 48 casas haviam sido inundadas com água. A cerca de 400 quilômetros ao sul de Newtok, um terço da população de cerca de 200 pessoas procurou abrigo na escola local.
Na cidade de Kotzebue , em uma região onde a menor temperatura anual pode chegar a 52 graus abaixo de zero, os moradores relataram que a pista inundada do aeroporto também estava coberta de detritos.
Estes foram os principais efeitos daquela que é considerada como a pior tempestade a atingir o estado americano situado no extremo norte nos últimos 50 anos. Inundações e fortes vendavais foram registrados por moradores locais, atingidos pelos remanescentes de um ciclone tropical, o tufão Merbok .
Em Nome, a casa de um morador foi vista flutuando em um rio, até ser parada embaixo de uma ponte. Testemunhas filmaram a moradia dentro do curso d'água.
No domingo, depois que os remanescentes do tufão Merbok atingiram o oeste do Alasca com tempestades e rajadas de vento, os moradores que vivem ao longo de mais de 1.600 quilômetros de costa – muitos deles nas comunidades mais vulneráveis do estado – enfrentaram vários graus de inundações e danos à infraestrutura. E havia preocupações sobre o impacto a longo prazo e como eles se recuperariam à medida que os meses mais frios se aproximassem.
Em toda a região, comunidades “centrais” como Nome, Kotzebue e Unalakleet, bem como as vilas menores e sem estradas conectadas, ainda sentiam a dor de ruas e casas inundadas, falta de energia e pistas de aeroportos embaixo d'água. Histórias semelhantes estavam acontecendo em pelo menos uma dúzia de outras aldeias remotas no Alasca, onde a população é predominantemente indígena.
Para muitos, a tempestade não poderia ter vindo em pior hora. Meados de setembro é a principal temporada de caça, e a maioria dos residentes rurais depende da caça para abastecer seus freezers com alces e caribus para o inverno.
Relatos de tanques de combustível danificados e revirados também foram preocupantes, porque esses tanques contêm o óleo diesel que alimenta os geradores locais e aquece as casas. Os tanques também guardam a gasolina que abastece os veículos usados na caça para subsistência: quadriciclos, barcos e motos de neve.
Em alguns casos, as cabines que as pessoas usam durante a temporada de pesca, assim como os secadores e fumeiros, foram destruídas.
Melanie Bahnke, presidente da Kawerak, um consórcio regional com sede em Nome que atende 20 tribos reconhecidas pelo governo federal no Alasca, fez uma comparação para os que não conhecem a região.
"Imagine se o aeroporto de Nova York fosse completamente destruído e não houvesse outra maneira de entrar ou sair", disse ela. "Imagine se você não tivesse mais como chegar ao supermercado", acrescentou.
No domingo, Melanie pediu ao governador Mike Dunleavy para ir além de uma declaração de desastre estadual, que ele emitiu no sábado. Ela disse que uma declaração federal de desastre do governo Biden liberaria o nível de fundos que pode ser necessário para a reconstrução.
Melanie disse que os danos causados pela tempestade também podem afetar os cuidados médicos. A maioria das comunidades tem apenas uma clínica local, então muitos moradores precisam voar para Anchorage para buscar tratamento, disse ela.
Em uma entrevista coletiva na noite de sábado, Dunleavy disse que o Alasca é um estado que lida com desastres naturais regularmente e expressou confiança em sua capacidade de resposta. No entanto, ele também citou uma longa lista de agências federais que serão necessárias quando a recuperação começar.
De acordo com o Departamento de Segurança Interna e Gerenciamento de Emergências do estado, as conversas telefônicas sobre os esforços de recuperação começariam na segunda-feira, somente depois que os líderes comunitários tivessem tempo de fazer um balanço dos danos. Jeremy Zidek, porta-voz da agência, disse que Dunleavy não apresentou um pedido formal de declaração federal de desastre. No final do dia, no entanto, o governador disse que estava se preparando para pedir isso.
* Com informações do The New York Times.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.