Talibãs se reuniram na Praça Masud, em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos
Reprodução: Twitter / @AmirSoltanzade2
Talibãs se reuniram na Praça Masud, em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos

O Talibã desfilou pelas ruas e soltou gritos de vitória nesta segunda-feira (15) em Cabul, capital do Afeganistão, para celebrar o primeiro aniversário de seu retorno ao poder, em 15 de agosto de 2021, dias depois da retirada total das tropas americanas no país. Membros do grupo fundamentalista islâmico também se reuniram na Praça Masud, em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos, para tirar "selfies", com bandeiras brancas do EI (Estado Islâmico) ao fundo ( veja abaixo ).

Os índices mostram, no entanto, que não há motivos para comemorar. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Afeganistão perdeu 700 mil empregos, enquanto a proporção de afegãos abaixo do limiar da pobreza deve chegar a 97% este ano. Com a economia em ruínas, multidões se formam do lado de fora das padarias e imploram por um pouco de naan (pão).

Em entrevista ao jornal argentino  Clarín , uma mulher identificada como Fátima contou que o marido, ex-dono de uma loja, ficou sem clientes e se viu obrigado a fechar o estabelecimento. Ele agora é vendedor ambulante e ganha cerca de 150 afeganes por dia, o que equivale a $ 8,30. Em sua modesta casa de barro, ela pegou um saco de feijões partidos e mostrou que aquilo era "tudo" o que sua família tinha para comer.

"Estamos há três meses sem conseguir pagar o aluguel, a luz e até as contas de água", afirmou. 

O drama de Fátima não é um caso isolado. Organizações humanitárias estimam que 95% da população afegã não tem o suficiente para comer. Mulheres gestantes e lactantes estão sofrendo com a falta de comida, o que impacta diretamente na saúde de seus bebês. Mais de um milhão de crianças com menos de cinco anos também estão em risco de desnutrição em todo o país, de acordo com a ONU.

"Como não há comida suficiente, as crianças estão ficando mais fracas. Olhe", disse ao Clarín Mahamat Yatim, representante de uma comunidade de alimentação terapêutica em Herat, apontando para o braço emaciado de uma menina com barriga inchada e bochechas afundadas. "Ela tem sete anos e sua irmã vizinha tem cinco, mas ela parece menor do que ela. Isso porque ela está desnutrida".

"Tudo dói", murmura a garota, que passa o dia sentada nos degraus de seu abrigo de adobe, exausta. 

Com as sanções internacionais em vigor desde que o Talibã assumiu o poder, o sistema de saúde, que depende quase inteiramente de doadores internacionais, sofre com a falta de recursos e a redução da cobertura de saúde. Os centros de saúde fecharam e muitos médicos pediram demissão ou deixaram o país.

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