O ex-presidente filipino Fidel Valdez Ramos (1992-1998), que ajudou a derrubar a ditadura de Ferdinand Marcos (1964-1986) e liderou o país em um período excepcional de crescimento e paz, morreu neste domingo aos 94 anos, informou sua família, sem divulgar a causa da morte. Segundo a rádio DZRH, que não citou fontes, ele morreu de complicações da Covid-19.
Popularmente conhecido como FVR, Ramos atuou como ministro da Defesa no primeiro governo pós-ditadura, liderado por Corazón Aquino, viúva do senador Benigno Aquino Jr., um crítico proeminente de Marcos cuja morte deu origem à Revolução do Poder Popular, ou Revolução Amarela, uma série de protestos que levou à derrubada do regime.
Ramos foi eleito presidente em 1992, na primeira eleição sob a atual Constituição, e foi creditado por conduzir a economia nacional a um período de rápido crescimento até que a crise financeira de 1997 atingiu o sudeste asiático.
Militar de carreira, ganhou destaque em 1986, ao romper com o governo de Ferdinand Marcos, por acreditar que este havia fraudado as eleições naquele ano para permanecer no poder. Ramos, que à época servia como chefe adjunto do Estado-Maior, foi um dos grandes nomes da revolução.
Ao homenageá-lo em 2000, um grupo de ex-alunos da Academia Militar dos EUA em West Point — onde Ramos se formou em 1950 — citou seu “papel primordial no retorno da democracia às Filipinas ”, pelo qual foi nomeado herói militar da revolução.
O palácio presidencial lamentou a morte do ex-líder.
"É com grande pesar que tomamos conhecimento do falecimento do ex-presidente Fidel V. Ramos", disse Trixie Cruz-Angeles, secretária de imprensa do presidente Ferdinand Marcos Jr, filho e homônimo do falecido ditador que Ramos que ajudou a destituir. "Ele deixa um legado importante e um lugar seguro na história por sua participação nas grandes mudanças do nosso país, tanto como oficial militar quanto como chefe executivo."
A delegação da União Europeia nas Filipinas expressou suas condolências neste domingo, descrevendo o falecido como um "estadista dedicado" e um "pilar da democracia".
Vida política
Como presidente, Ramos assinou um acordo de forças visitantes com os EUA, do qual as Filipinas foram colônia até 1946. O pacto serviu para restaurar os laços de defesa depois que o Senado filipino em 1991, rejeitando os apelos do então presidente Aquino, votou para expulsar os militares americanos de suas bases no país, argumentando em parte que sua presença minava a soberania nacional.
O novo acordo facilitou o acesso dos soldados americanos às Filipinas e reforçou o Tratado de Defesa Mútua das nações de 1951, onde eles prometeram apoio em caso de ataque estrangeiro.
Em 1996, Ramos firmou um acordo de paz com o grupo separatista Frente de Libertação Nacional Moro, encerrando 25 anos de conflito. Sua gestão econômica também ganhou aplausos. As Filipinas estavam em uma “base sólida” em relação a seus vizinhos quando a crise financeira atingiu o sudeste asiático, já que o consumo e as remessas de trabalhadores estrangeiros sustentavam a economia, segundo o Banco Asiático de Desenvolvimento.
Ramos ainda promoveu investimentos nas Filipinas por meio de visitas de Estado e reuniões de cúpula, e é creditado por reviver e expandir os laços comerciais com Indonésia, Malásia e Brunei.
Em 1997, Aquino e o então cardeal Jaime Sin lideraram protestos bem-sucedidos contra o plano de Ramos de alterar a Constituição para permitir que ele buscasse a reeleição.
Ramos permaneceu uma força política mesmo depois de seu mandato, com o partido que fundou ainda ativo no governo. Ele foi um dos primeiros políticos proeminentes a apoiar a candidatura de Rodrigo Duterte à presidência, em 2016.
O ex-presidente chegou a servir brevemente como enviado especial de Duterte à China, mas depois disse que o novo governo era uma “enorme decepção e decepção”.
Desde 1954, era casado com Amelita Jara Martinez, que é descrita como professora e ambientalista no site da Fundação Ramos. Tiveram cinco filhas.
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