Vista do maciço da Marmolada, extremo-norte da Itália
Reprodução/Ansa - 04.07.2022
Vista do maciço da Marmolada, extremo-norte da Itália

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, afirmou nesta terça-feira (5) que o desabamento de uma porção da geleira Marmolada, que matou pelo menos sete pessoas, é um símbolo dos efeitos produzidos pelas mudanças climáticas.

O incidente ocorreu no último domingo (3), em meio a uma estiagem sem precedentes no extremo-norte da Itália, e também deixou oito alpinistas desaparecidos.

"Falamos da tragédia da Marmolada como elemento simbólico do que as mudanças climáticas, quando não governadas, estão produzindo no mundo. Isso exige a plena colaboração de todos", disse o mandatário durante uma visita a Maputo, capital de Moçambique.

Ainda de acordo com Mattarella, "existem países que não se empenham" na luta contra a crise climática. "É preciso instar todos a assumir aqueles compromissos acordados nas convenções internacionais, mas também a assumir novos compromissos", declarou o presidente italiano.

"Se não houver esse empenho sistêmico, será difícil garantir uma vida aceitável para as futuras gerações na Terra", acrescentou o chefe de Estado.

Buscas

O desabamento de um enorme bloco de gelo no glaciar da Marmolada, montanha de maior altitude nas Dolomitas, no extremo-norte da Itália, matou sete pessoas e deixou pelo menos oito indivíduos desaparecidos.

"Estamos muito mal porque não temos um corpo", disse a mãe de um homem que sumiu no desastre, enquanto aguardava notícias na cidade de Canazei.

As buscas prosseguem com o auxílio de drones equipados com câmeras térmicas, mas o calor na região nesta época do ano torna as operações mais perigosas devido ao risco de novos desprendimentos.

Alguns desses sobrevoos conseguiram detectar a presença de restos mortais e objetos pessoais na área da Marmolada, porém eles ainda não foram removidos da montanha. Toda a área do maciço está fechada até segunda ordem por razões de segurança.

O acidente ocorreu em meio a uma das piores secas das últimas décadas na Itália, com drásticas reduções na cobertura nevosa das geleiras do extremo-norte do país devido aos baixos índices de precipitações.

Um estudo científico divulgado em meados de junho aponta que a camada de neve na geleira da Marmolada no fim de maio era de 714 milímetros, número 50% menor que a média do período. Além disso, o glaciar já perdeu mais de 80% de seu volume nos últimos 80 anos, e previsões apontam que ele pode desaparecer antes de 2050.

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