Vista do maciço da Marmolada, extremo-norte da Itália
Reprodução/Ansa - 04.07.2022
Vista do maciço da Marmolada, extremo-norte da Itália

Subiu para sete o número de mortos no desabamento de um pedaço da geleira da Marmolada, um dos glaciares mais famosos e visitados da Itália, em uma tragédia que é atribuída por ambientalistas à crise climática.

O sétimo corpo foi recuperado nesta segunda-feira (4), mas os trabalhos de busca prosseguem para encontrar as cerca de 15 pessoas ainda desaparecidas.

O desabamento ocorreu no começo da tarde de domingo (3), na geleira que domina a montanha Marmolada, conhecida como "rainha das Dolomitas" por ser a mais alta dessa cordilheira que atravessa o extremo-norte da Itália, com 3.343 metros de altitude.

Além dos sete mortos e dos 18 desaparecidos, o incidente deixou oito feridos, sendo que dois estão em estado grave. Entre os falecidos estão pelo menos três cidadãos italianos - dos quais dois eram guias alpinos, ou seja, estavam acostumados com o ambiente de montanha - e um da República Tcheca.

As buscas prosseguiram durante toda a madrugada, inclusive com o auxílio de drones equipados com câmeras térmicas, mas o calor na região nesta época do ano torna as buscas mais perigosas devido ao risco de novos desabamentos.

O premiê da Itália, Mario Draghi, e o governador do Vêneto, Luca Zaia, se deslocaram nesta segunda-feira (4) para Canazei, nos arredores da Marmolada, para acompanhar as operações de resgate.

Já o papa Francisco disse que reza pelas vítimas e por suas famílias e alertou para a crise climática no planeta. "As tragédias que estamos vivendo com as mudanças climáticas devem nos incentivar a buscar urgentemente novos caminhos de respeito pelas pessoas e pela natureza", acrescentou o pontífice no Twitter.

Crise climática

O acidente ocorreu em meio a uma das piores secas das últimas décadas na Itália, com drásticas reduções na cobertura nevosa das geleiras do extremo-norte do país devido aos baixos índices de precipitações.

Um estudo científico divulgado em meados de junho aponta que a camada de neve na geleira da Marmolada no fim de maio era de 714 milímetros, número 50% menor que a média do período. Além disso, o glaciar já perdeu mais de 80% de seu volume nos últimos 80 anos, e previsões apontam que ele pode desaparecer antes de 2050.

É comum ocorrer desabamentos em geleiras durante os meses de verão, já que elas são nada mais que enormes rios congelados descendo em direção ao vale, mas esses incidentes estão acontecendo em altitudes cada vez mais elevadas e cada vez mais cedo.

"Este ano é excepcional devido às poucas precipitações e ao calor, fazendo com que a fusão da cobertura nevosa do gelo em grande altitude tenha ocorrido de um a dois meses antes do normal. As previsões nos dizem que ainda temos pela frente três meses de calor, então o evento de ontem na Marmolada pode se repetir com maior frequência", alertou o climatologista Roberto Barbiero, da Agência de Proteção Ambiental da Província de Trento.

"O aumento da temperatura nos Alpes já é um dado confirmado, com um índice de aquecimento que é o dobro da média global. Os glaciares nos cumes italianos são mais afetados pela redução [do tamanho] em relação aos austríacos e suíços porque estão mais expostos ao sol e a fluxos de ar quente", acrescentou.

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