Após mais de nove meses de julgamento, os 20 réus por envolvimento nos atentados terroristas que mataram 130 pessoas em novembro de 2015 em Paris e Saint-Denis, na França , foram considerados culpados pela Justiça nesta quarta-fera.
Um dos principais acusados pelas mortes no Stade de France, em bares da capital e na casa de espetáculos Bataclan, é o francês de origem marroquina Salah Abdeslam, de 32 anos, que pediu desculpas pelo crime no tribunal, mas foi condenado à prisão perpétua. Um dos réus foi inocentado de acusações de terrorismo.
Na leitura da decisão, nesta quarta-feira, os juízes consideraram Abdeslam culpado pelos crimes de participação em uma organização para a realização de terrorismo criminal, e de participar de assassinatos como parte de uma grupo organizado e associado a um grupo terrorista.
“A culpa de Salah Abdeslam como coautor de assassinatos em conexão com um empreendimento terrorista foi confirmada na medida em que o tribunal considerou que todos os alvos deveriam ser reconhecidos como uma única cena de crime”, diz a decisão.
Ele recebeu a pena de prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional, como havia pedido a acusação. O demais réus foram condenados a penas de 30 anos de prisão, como Mohammad Bakkali, que ajudou na parte logística dos ataques, e a prisão perpétua com possibilidade de regressão de regime daqui a 22 anos — este foi o caso de Mohamed Abrini, que alugou veículos usados nos atentados.
Farid Kharkhach, único inocentado das acusações de terrorismo, foi considerado culpado de associação criminosa com o objetivo de cometer fraudes.
Abdeslam diz que realizou os ataques para forçar o fim das incursões militares da França no Iraque e na Síria. Na sexta-feira da semana passada, durante as alegações finais, os advogados dele afirmaram que a prisão perpétua seria "uma pena de morte social" e uma sentença "excessiva".
Eles destacaram que Abdeslam desistiu de explodir uma bomba presa ao seu corpo na noite de terror. Os investigadores apontam, porém, que ele teria tentado ativar seu cinturão de explosivos, mas o colete não funcionou. Ele fugiu da capital francesa horas após o ataque.
"Ele tem as mãos manchadas com o sangue de todas as vítimas", afirmaram os representantes do Ministério Público.
Desde segunda-feira, os cinco magistrados que compõem o tribunal e seus quatro suplentes estavam confinados, sem possibilidade de saída, em um espaço "seguro" na região metropolitana de Paris. O local exato não foi divulgado, por motivo de segurança.
Os juízes decidiram as penas dos 14 réus presentes e dos outros seis julgados à revelia. As penas solicitadas contra os 20 acusados vão de cinco anos de prisão até prisão perpétua sem liberdade condicional.
Os outros réus no caso também insistiram em "arrependimentos" e "pedidos de desculpas" perante os juízes. Alguns expressaram "condolências" às vítimas e agradeceram a seus advogados. Muitos afirmaram "confiar na Justiça".
Os atentados de 2015 aconteceram em um contexto de ataques na Europa, enquanto uma coalizão internacional lutava contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. Milhares de sírios chegavam ao continente europeu para fugir da guerra em seu país.
* Com informações de agências internacionais
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