Turquia aceita apoiar entrada de Finlândia e Suécia na Otan
Divulgação/Governo da Turquia
Turquia aceita apoiar entrada de Finlândia e Suécia na Otan

Nesta quarta-feira, um dia após anunciar a retirada de seu veto e a admissão da entrada de Finlândia e Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ficam mais claros quais são os benefícios que a Turquia obterá em retorno.

Ancara exigirá da Finlândia e da Suécia a extradição de 33 pessoas pertencentes aos movimentos PKK e Fetö, que considera terroristas. Além disso, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discutirão a venda de dezenas de novos aviões de guerra F-16 para modernizar a frota aérea turca.

O anúncio dos pedidos de extradição foram feitos pelo ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag.

"No âmbito do novo acordo, vamos pedir à Finlândia que extradite seis membros do PKK e seis membros do Fetö, e à Suécia que extradite dez membros do Fetö e onze membros do PKK", disse o ministro, segundo meios de comunicação turcos.

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) é considerado terrorista pela Turquia e por seus aliados ocidentais. Já o Fetö é o movimento fundado pelo teólogo, pregador e ativista Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos e considerado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan como o instigador da tentativa de golpe de julho de 2016.

Além disso, a Turquia conseguiu autorização americana para modernizar sua frota de caças, uma antiga demanda sua.

"O Departamento de Defesa dos EUA apoia totalmente os planos de modernização da Turquia para sua frota de F-16" disse Celeste Wallander, secretária-assistente de defesa dos EUA, a repórteres.

"Esses planos estão em andamento e precisam ser trabalhados por meio de nossos processos de contratação, mas os Estados Unidos apoiam a modernização da frota de caças da Turquia, porque essa é uma contribuição para a segurança da Otan e, portanto, para a segurança americana."

Erdogan vinha de um período de relações frias com a Otan e com os EUA, após a compra de defesas aéreas russas avançadas por seu governo. Estas aquisições junto a Moscou levaram o Pentágono a expulsar a Turquia do programa para comprar – e ajudar a construir – o caça mais avançado F-35, da Lockheed Martin Corp.

Os EUA alegavam que que os sistemas de mísseis russos S-400 poderiam ser usados ​​para coletar informações sobre o caça.

A Turquia espera eventualmente desenvolver seus próprios caças para aposentar os seus caças F-4. Enquanto esse projeto está atrasado, busca atualizar sua frota de F-16 como uma medida provisória. O acordo com os EUA custa potencialmente US$ 6 bilhões, mas requer total apoio do governo de Biden para conseguir ser aprovado pelo Congresso.

A decisão do líder turco de permitir que as candidaturas dos países nórdicos à Otan avancem também abriu caminho para uma reunião formal com o presidente dos EUA, de acordo com um alto funcionário do governo Biden. Os dois líderes devem discutir uma ampla gama de questões, incluindo os pedidos de defesa da Turquia, disse a autoridade.

Erdogan se reuniu por várias horas na terça-feira, antes da abertura da Cúpula da Otan, que vai até a quinta-feira em Madrid, com o seu homólogo finlandês, Sauli Niinistö, e com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson.

A Turquia bloqueava a adesão dos dois países à Aliança Atlântica acusando-os de abrigar membros de grupos terroristas. Em teoria, se quisesse, Ancara poderia chegar a vetar as duas adesões. Isso, no entanto, abriria uma crise entre os aliados.

No final desta reunião, na qual também esteve o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, foi apresentado o documento que abre caminho para um futuro acordo formal de expansão da aliança face às ameaças da Rússia.

"A Turquia conseguiu o que queria", ou seja, a plena cooperação dos países nórdicos na luta contra o terrorismo, comemorou a Presidência turca em comunicado.

Nesta quarta-feira, os líderes dos 30 países da Otan lançaram formalmente o processo de adesão da Finlândia e da Suécia.

"Hoje, decidimos convidar a Finlândia e a Suécia a tornarem-se membros e concordamos em assinar os Protocolos de Adesão", afirma a declaração final da cúpula.

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