Francia Marquez, vice-presidente eleita da Colômbia
Reprodução/Twitter (@FranciaMarquezM)
Francia Marquez, vice-presidente eleita da Colômbia

Francia Márquez foi eleita a vice-presidente da Colômbia neste domingo (19), quando teve sua vitória nas urnas junto de Gustavo Petro no segundo turno das eleições presidenciais do país.

A advogada, ativista e ex-trabalhadora doméstica traz novidades históricas para o pleito colombiano. Segundo a sua própria biografia, ela é primeira “negra, afrodescendente, nativa das regiões mais pobres” a ocupar a vice-presidência da Colômbia.

Crescida em Yolombó, Francia Márquez foi eleita na votação de 13 de março e obteve mais de 783 mil votos na consulta do Pacto Histórico (14%). Ela participou em nome do partido Polo Democrático Alternativo e ficou em segundo lugar, depois de Gustavo Petro, que mais tarde a chamou para ser sua vice-presidente.

Ativismo e negritude

Francia Márquez nasceu em 1981 na área montanhosa do município de Suárez, Cauca, no sudoeste colombiano. Segundo a sua biografia, foi lá que ela aprendeu sobre mineração, agricultura e pesca. Sua aptidão à liderança se manifestou desde que ela era muito jovem, quando já conduzia e empoderava sua comunidade - isso sempre reconhecendo e reforçando a sua negritude em um país altamente racista.

“Me tornei uma ativista no processo de comunidades negras onde aprendi a me reconhecer como mulher negra, a reconhecer meu cabelo, minha negritude com orgulho, porque esse país nos fez sentir vergonha, nos fez sentir que somos responsáveis pelos infortúnios que tivemos que viver”, disse Márquez, que desde jovem é uma defensora das lutas das comunidades negras.

Mãe de dois filhos - que, por medo, teve que tirar do país enquanto avançava na campanha atual, Márquez é advogada formada pela Universidade de Santiago de Cali e recebeu o Prêmio Goldman em 2018, algo como um ‘Prêmio Nobel do Meio Ambiente’ por sua luta na comunidade de La Toma “para impedir a mineração ilegal de ouro em suas terras ancestrais”, que estava contaminando com mercúrio o rio em que toda a sua comunidade pescava.

Mesmo reiterando que não faz promessas, a vice-presidente frisa que é “uma prioridade” resolver a questão da fome em todo o país. Mas para isso, explica, seu projeto precisa chegar à presidência nos próximos três meses. Márquez disse que não se importa com a posição em que está, mas que pode trabalhar para as comunidades mais vulneráveis.

"Sou porque somos": luta contra o racismo e o patriarcado

Márquez diz que sua vitória nas consultas internas se deve principalmente às mulheres e aos jovens. Para ela, sua chegada ao pleito “já é uma evidência de que estamos rompendo com o patriarcado e o machismo na política”.

Com o lema da campanha “Sou porque somos” Francia quer atuar na busca pela justiça racial, defender os direitos humanos e o cuidado da vida e do território, bem como os direitos das mulheres. Aliás, ela conta que, graças a muitas mulheres do país, alcançou a marca de ter o segundo voto no Pacto Histórico.

“A desvantagem que tivemos nesse processo é que a maioria dos colombianos e colombianas não nos conhece”, diz ele.

Apesar dos seus votos, Márquez deixa claro que a luta feminista marca transcendentalmente seu projeto político. Ela já frisou que não tem interesse em chegar ao poder apenas por um cargo, nem em fazer acordos com mulheres que estão prestes a quebrar o “teto de vidro”.

A Colômbia nunca teve uma presidente mulher. Marta Lucía Ramírez foi escolhida como a chapa vice-presidente por Iván Duque, e eles venceram as eleições presidenciais em 2018. Ramírez é a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente.

“Estou aqui para dar as mãos às mulheres que não tiveram voz, com quem nunca tiveram oportunidades ou privilégios, cujas vozes foram silenciadas e aquelas que não tiveram permissão por suas condições de mulheres empobrecidas e racializadas de viver em paz e com dignidade” .

Eleições na Colômbia

Agora, Márquez é vice de Gustavo Petro na gestão de 2023 a 2026. A chapa venceu as eleições com 50,44% dos votos, ou 11.281.013 milhões de votos em uma disputa histórica para a Colômbia.

O ex-prefeito de Bogotá e ex-guerrilheiro teve uma disputa acirrada com o empresário Rodolfo Hernández, candidato populista de direita com um discurso antissistema. Hernández teve 47,31% dos votos, com 10.580.412 votantes.


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