O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu neste sábado (14) que a cada vez mais provável entrada da Finlândia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) seria um "erro".
A declaração foi dada em conversa por telefone com o presidente finlandês, Sauli Niinisto. Segundo a agência estatal russa Tass, Putin disse que Moscou não representa "ameaças à segurança" de Helsinque e que a entrada na Otan poderia "influenciar negativamente as relações com a Rússia".
Já Niinisto divulgou um comunicado em que afirma que a invasão russa à Ucrânia "alterou o ambiente de segurança da Finlândia" e que o país escandinavo vai apresentar seu pedido de ingresso na aliança militar ocidental "nos próximos dias".
"A conversa foi direta e franca e foi conduzida sem irritação. Evitar tensões foi considerado importante", declarou o líder finlandês, que teve a iniciativa de telefonar para o Kremlin.
Ainda de acordo com o comunicado, Niinisto ressaltou que, ao entrar para a Otan, a Finlândia vai "fortalecer sua própria segurança e assumir suas responsabilidades". "Também no futuro, a Finlândia quer cuidar das questões práticas decorrentes de ser vizinha da Rússia de uma maneira correta e profissional", acrescenta a nota.
Niinisto e a premiê da Finlândia, Sanna Marin, divulgaram na última quinta-feira (12) um documento conjunto em que defendem a adesão do país à Otan, mas a decisão final, que precisa passar pelo Parlamento, ainda não foi tomada.
Assim como a Suécia, a Finlândia é integrante da União Europeia, mas preferiu não ingressar na aliança para manter uma posição de neutralidade entre os países ocidentais e Moscou.
No entanto, a invasão russa à Ucrânia, motivada pela crescente aproximação de Kiev com o Ocidente, fez as duas nações escandinavas repensarem seus status de países neutros.
Como membros da Otan, Finlândia e Suécia teriam garantia de proteção das potências ocidentais no caso de um eventual ataque da Rússia, recurso com o qual a Ucrânia não pode contar, já que não faz parte da organização.
Respostas
A Rússia interrompeu neste sábado o fornecimento de energia elétrica para a Finlândia, com o argumento de problemas de pagamento por parte de Helsinque.
No entanto, o governo finlandês diz que o bloqueio russo será compensado pela importação de energia da Suécia. Além disso, caças Su-27 da Rússia fizeram exercícios militares neste sábado em Kaliningrado, exclave situado entre Polônia e Lituânia, no Mar Báltico, que também banha a Finlândia.
Já Aleksey Zhuravlyov, vice-presidente da Comissão de Defesa da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, alertou que mísseis hipersônicos poderiam atingir o território finlandês em "até 10 segundos" - os dois países compartilham 1,3 mil quilômetros de fronteiras.
Por outro lado, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Alexander Grushko, garantiu que o país "não tem intenções hostis em relação a Finlândia e Suécia".
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