Vista aérea de Jerusalém
Pixabay 13.04.2022
Vista aérea de Jerusalém

Israelenses e palestinos voltaram a protagonizar episódios de violência nos últimos dias. Na semana passada, um atentado em Tel Aviv provocou a morte de três israelenses. Na terça-feira (12), forças de segurança de Israel entraram em conflito com moradores. Um palestino foi morto após esfaquear um policial, outros dois foram detidos, segundo agências internacionais.

A mídia internacional aponta que os motivos das operações feitas pelo Exército de Israel seriam ataques que mataram 14 pessoas desde 22 de março. No mesmo período, outros 15 palestinos também morreram.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios em Oriente Médio (NENOM) e professor de Relações Internacionais da ESPM, professor Gunther Rudzit, a escalada sangrenta pode não estar acontecendo de forma "ordenada".

"Diante de tudo que eu tenho lido, nada aponta para uma 'causa', ou seja, uma ação coordenada pelo Hamas, ou pela Jihad islâmica, muito pelo contrário. Nesses últimos ataques, esses dois grupos saudaram, mas não reivindicaram as ações. Isso mostra que não é algo que esteja acontecendo de forma coordenada, muito menos pela autoridade palestina", analisa.

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"Se não vem desses grupos, é algo que está acontecendo por iniciativa própria das pessoas. Então por que iniciativa própria? Vem desse acumulado das tensões entre israelenses e palestinos. Não podemos esquecer que a proposta da criação do estado palestino vai fazer 30 anos. Você já tem duas gerações crescidas, está vindo a terceira. E muitos palestinos olhando para essa realidade que nunca vem, nunca chega. Fora todas as tensões entre israelenses árabes e judeus, ou seja, aqueles israelenses que apesar de serem muçulmanos, árabes, tem cidadania israelense, vivem em Israel e que também começam a 'tomar as dores' dos seus 'primos', que não conseguem o seu próprio estado", afirma.

Rudzit explica que um dos sinais mais potentes de que os ataques não tem coordenação são os alvos. "O esperado seriam ataques na região de Jerusalém, ou próximo de assentamentos, mas a maioria deles foi em Tel Aviv. É muito fora da curva, do padrão de outros períodos de violência, que sempre tiveram ligados a situação de Jerusalém, principalmente."

Questionado pelo iG sobre o quais devem ser os desfechos dessa nova onda de ataques, o professor diz que a situação tem uma característica muito específica de imprevisibilidade.

"É muito difícil prever. A situação está tão estranha, tão fora do normal, que pode ocorrer violência como pode simplesmente, por outras razões, não ter esse nenhum novo espasmo. Antes da pandemia teve um ponto de choque entre israelenses e palestinos, e israelenses árabes e judeus, pela remoção de famílias no subúrbio de Jerusalém. Isso gerou espasmos de violência, mas tinha um motivo. Agora, não vejo nada que justifique esses ataques. Nada tangível. Palpável. É tão estranho que é difícil tentar prever o que vem pela frente."

** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.

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