O poder Executivo da União Europeia apresentou nesta terça-feira (5) o quinto pacote de sanções contra a Rússia por conta da invasão à Ucrânia, na esteira dos indícios de atrocidades descobertos após a libertação de cidades nos arredores de Kiev.
A medida, que ainda precisa do aval dos 27 Estados-membros, prevê o embargo à importação de carvão russo, proibição que pode custar 4 bilhões de euros por ano a Moscou, e o veto ao acesso de navios da Rússia a portos da UE, com exceção apenas para embarcações de transporte de alimentos, ajuda humanitária e commodities de energia.
Além disso, o pacote prevê a proibição de acesso de caminhões russos e bielorrussos no bloco, a ampliação da lista de produtos cuja exportação para a Rússia é bloqueada, inclusive semicondutores avançados, e a interrupção total das transações com quatro bancos, totalizando 23% do setor bancário no país.
O sexto pilar da nova rodada de sanções é a proibição de participação de empresas russas em licitações públicas nos Estados-membros da União Europeia.
"Continuaremos degradando a capacidade tecnológica e industrial da Rússia", afirmou nesta terça a presidente do Executivo da UE, Ursula von der Leyen. "Os quatro pacotes de sanções [anteriores] atingiram duramente e limitaram as opções políticas e econômicas do Kremlin. Já estamos vendo resultados tangíveis", acrescentou.
Contudo, a Comissão Europeia mais uma vez deixou de fora o petróleo e o gás russos, uma vez que o bloco é altamente dependente de Moscou para satisfazer sua demanda por energia.
"As sanções aprovadas até o momento não bastam. É preciso aprovar medidas sobre energia e bloquear imediatamente o petróleo, o carvão e o gás da Rússia", afirmou o secretário de Políticas Europeias do Ministério das Relações Exteriores da Polônia, Szymon Szynkowski, pouco antes do anúncio do novo pacote.
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No entanto, países como Alemanha e Áustria continuam reticentes sobre possíveis sanções contra os hidrocarbonetos russos.
"Precisamos ficar atentos com as sanções e pensar com calma sobre as consequências para nós e se não seremos mais atingidos que a Rússia", afirmou o ministro austríaco das Finanças, Magnus Brunner, durante reunião do Conselho de Assuntos Econômicos da UE (Ecofin) em Luxemburgo.
Já o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, admitiu que o país errou ao se tornar "tão dependente das importações de energia da Rússia". "A política alemã sobre a Rússia no passado deve ser posta em discussão de modo crítico", afirmou.
Em meio a esse contexto, Von der Leyen disse que Bruxelas trabalha em "novas sanções para incluir o petróleo" e está "refletindo" sobre algumas propostas dos países-membros para sobretaxar importações no setor de energia.
"As atrocidades cometidas em Bucha e outras áreas não ficarão sem resposta, e os culpados não ficarão impunes", prometeu a presidente.
Paralelamente à UE, o governo do Reino Unido anunciou o congelamento de mais de US$ 350 bilhões em reservas russas em moeda estrangeira. "A guerra na Ucrânia só pode ser parada com a derrota de Putin", disse a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss.
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