O Exército da Rússia deu um ultimato às forças da Ucrânia que ainda lutam pela defesa da cidade portuária de Mariupol, cenário de intensos combates desde o início da invasão russa ao país, há mais de um mês. A região está quase que totalmente ocupada pelas tropas de Moscou, mas ainda há bolsões de resistência, mesmo diante da artilharia constante.
Segundo o chefe do Centro de Controle de Defesa Nacional da Federação Russa, coronel-general Mikhail Mizintsev, a primeira fase da “proposta” russa é o estabelecimento de um cessar-fogo completo na área, a partir das seis da manhã desta terça-feira, pelo horário local.
Em seguida, todos os integrantes de forças de defesa, incluindo do Exército e paramilitares, devem “entregar as armas e sair pela rota acertada com o lado ucraniano na direção de Zaporíjia até áreas controladas por Kiev”, o que ocorreria a partir das dez da manhã, no horário local.
“Todos aqueles que entregarem suas armas terão garantida a preservação de suas vidas”, disse Mizintsev, citado pela Interfax.
De acordo com o site Liveuamap, que monitora avanços no campo de combate, apenas áreas na região central de Mariupol ainda não estão sob controle russo, uma resistência que, para Mizintsev, é “sem sentido”. Apenas nesta segunda-feira, foram registrados oito ataques com mísseis na região.
A Câmara Municipal da cidade afirmou, em publicação em redes sociais, que as forças russas apoiam agora um prefeito autoproclamado e que está colaborando com os representantes de Moscou.
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Na entrevista coletiva, o representante do Exército russo afirmou esperar que a Turquia, país que possui bom trânsito com os dois lados no conflito, convença as forças ucranianas em Mariupol a aceitarem as condições para a retirada e a deposição das armas. Ancara ainda não respondeu, assim como o próprio governo ucraniano e comandantes das milícias e batalhões presentes em Mariupol.
No domingo, o governo turco se colocou à disposição para ajudar na retirada de civis — ucranianos e estrangeiros — de Mariupol através do Mar de Azov, e afirmou estar em contato com representantes da Rússia e da Ucrânia para viabilizar tal operação. Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ainda há cerca de 150 mil civis na cidade, que antes do conflito era lar de mais de 400 mil pessoas.
“Nós da Turquia continuaremos a oferecer ajuda humanitária ao povo da Ucrânia. A Turquia também dará seu apoio através das retiradas, vamos continuar apoiando o povo da Ucrânia”, afirmou o ministro da Defesa, Hulusi Akar, citado pelo jornal Hurriyet.
A retirada por via marítima, um pedido de líderes como Emmanuel Macron, da França, e Olaf Scholz, da Alemanha, à Rússia, ocorreria a partir da cidade de Berdyansk, através de um corredor humanitário vindo de Mariupol. A operação foi confirmada por Mizintsev, que fez críticas ao que chama de “repetidas violações” de acordos para a saída de civis de áreas de conflito supostamente cometidas pela Ucrânia.
Nesta segunda-feira, a Cruz Vermelha confirmou que uma de suas equipes foi detida na cidade de Manhush, a cerca de 20 km de Mariupol. De acordo com um porta-voz da organização, ouvido pela Reuters, o grupo tentava chegar a Mariupol, pela quarta vez em questão de dias, para ajudar na retirada dos civis da área. Não foram dados detalhes sobre quem mantém os funcionários sob custódia, mas a vice-premier ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse que eles estão sob poder das “autoridades da ocupação”, uma referência aos russos.
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* Com informações de agências internacionais