Viktor Orban vence oposição nas eleições
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Viktor Orban vence oposição nas eleições


O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, declarou vitória nas eleições legislativas deste domingo, depois que resultados preliminares mostraram uma grande vantagem de seu partido, o Fidesz, apesar de a oposição ter se unido e lançado um candidato único pela primeira vez nos 12 anos em que o expoente da ultradireita nacionalista europeia está no poder.

Além da campanha focada em Órban e seus controversos 12 anos à frente do governo, durante os quais mudou a Constituição para concentrar o poder, os debates trouxeram à tona questões econômicas, além das posições do premier no conflito com a Ucrânia, sobre o qual ele vem adotando uma posição criticada por alguns de seus parceiros europeus.

Segundo projeções iniciais, com 57% dos votos contabilizados, o Fidesz deve conquistar 134 cadeiras, mantendo a maioria absoluta no Legislativo, enquanto a oposição, que pela primeira vez concorreu unida, deve ficar com 58. Um partido de extrema direita, Nossa Pátria, conseguiu superar a cláusula de barrera de 5% dos votos e terá um assento no Legislativo. Pelos números parciais, o Fidesz obteve 57,6% dos votos em listas partidárias, e lidera na maior parte das disputas distritais.

O comparecimento às urnas foi de 67,8%, um dos mais altos dos últimos anos. Com os resultados, Órban, expoente da ultradireita nacionalista na Europa, chegará ao seu quarto mandato consecutivo: ele está no poder desde 2010, mas antes havia comandado a Hungria entre 1998 e 2002.

Segundo o sistema húngaro, das 199 cadeiras no Parlamento, 106 são decididos por maioria simples em distritos eleitorais, e os demais 93 assentos são definidos de forma proporcional pelo voto em listas nacionais. Pela atual configuração, o Fidesz e seus aliados do Partido Popular Democrata-Cristão têm 133 cadeiras. Os eleitores também participaram de referendo sobre uma lei vista como discriminatória contra a população LGBTQIAP+.


Ao contrário das últimas eleições, quando Órban enfrentou uma série de forças políticas para se manter no cargo, este ano a oposição se uniu em torno do nome de Peter Marki-Zay, um político relativamente desconhecido no exterior e que, em 2018, surpreendeu ao se eleger prefeito da cidade de Hódmezovásárhely, considerada um bastião do Fidesz.

Ali, concorrendo como independente, recebeu o apoio de todas as forças de oposição, uma estratégia que seria replicada quatro anos depois, agora no plano nacional. A aliança incluiu siglas como a Coalizão Democrática, de esquerda, o Momento, liberal, e o Jobbik, um partido de extrema direita que moderou suas posições nos últimos anos.

Para Marki-Zay, essa era uma escolha entre "o Ocidente e o Oriente", e ao longo da campanha atacou as políticas do atual premier, afirmando que elas abalaram os direitos democráticos no país. Ao votar, apontou para o que vê como controle do governo sobre a mídia pública e para as mudanças recentes na legislação eleitoral que, segundo analistas, favorecem os aliados de Órban.

“Estamos lutando pela democracia, estamos lutando pela decência. Em uma batalha longa, em circunstâncias quase impossíveis, ainda podemos vencer”, disse a jornalistas.

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Órban, por sua vez, votou em Budapeste, e declarou que a eleição era uma escolha entre "a paz ou a guerra", apontando para o apoio de seu adversário a uma postura mais dura em relação ao conflito na Ucrânia. O premier, que tem laços próximos com o presidente russo, Vladimir Putin, é hoje a principal voz dentro da União Europeia contra a adoção de sanções mais duras ao petróleo e ao gás vindos da Rússia. 

Recentemente, foi alvo de críticas do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e respondeu dizendo que os interesses da Hungria "vêm em primeiro lugar", e ao ser questionado por jornalistas sobre sua relação com o governo russo, repetiu esse argumento.

“Vladimir Putin não está concorrendo nas eleições húngaras, então não preciso lidar com essa questão hoje, felizmente”, disse Órban. — Eu sigo a ideias dos interesses nacionais húngaros, sou pró-Hungria.

Ao mesmo tempo, não vetou as medidas adotadas pelo bloco contra Moscou, permitiu que forças de ação rápida da Otan fossem destacadas para seu território e concordou com o envio de armas defensivas para a Ucrânia, uma estratégia que permitiu manter e ampliar o apoio político de sua base. Durante seus discursos, o premier sinalizou que um voto na oposição seria o mesmo que arrastar a Hungria para a guerra.

Outra preocupação dos eleitores neste domingo foi o estado da economia, com a inflação acima de 8%, mesmo com um sistema de controle de preços sobre combustíveis e itens básicos de alimentação. O aumento de gastos sociais e limites a aumentos nas hipotecas também ajudou a impulsionar seus números na reta final da disputa.

Apesar de nao ter sido um dos grandes temas da campanha, a chamada "pauta conservadora", uma das marcas dos 12 anos de Órban à frente do governo, esteve presente no dia da eleição: além de escolherem seus candidatos, os eleitores participaram de um referendo sobre uma nova lei que proíbe a divulgação de conteúdos que incluam qualquer orientação sexual com exceção da heterossexual, bem como informações sobre redesignação de gênero, nas escolas ou em filmes e publicidade dirigidos a menores de 18 anos.

A medida, aprovada em junho no Parlamento, foi considerada discriminatória pela União Europeia, que ameaçou iniciar um processo contra o país caso fosse implementada. À época, Órban disse que a legislação dizia respeito ao "futuro de nossos filhos", e que por isso, "não poderia ceder na questão".

Neste domingo, as cédulas traziam quatro perguntas aos eleitores: "você apoia o ensino de orientação sexual para crianças menores de idade em instituções de educação pública sem o consentimento dos pais?"; "você apoia a promoção de terapia de redesignação de gênero para crianças menores de idade?"; você apoia a exposição irrestrita de crianças menores de idade a conteúdo sexual explícito que possa afetar seu desenvolvimento?"; e "você apoia mostrar conteúdo sobre mudança de sexo para menores de idade?".

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* Com informações de agências internacionais

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