Em seu último compromisso na ilha de Malta, o papa Francisco visitou na tarde deste domingo (3) um centro de acolhimento de migrantes e reforçou a importância deles serem lugares de humanidade.
"Nestes anos, a experiência do naufrágio foi vivida por milhares de homens, mulheres e crianças no Mediterrâneo. E, infelizmente, revelou-se trágica para muitos deles", disse ele no Centro para Migrantes "Giovanni XXIII Peace Lab", em Hal Far.
Francisco ressaltou a importância dos migrantes se tornarem testemunhas dos valores humanos essenciais para uma vida digna e fraterna.
A mensagem foi destinada a dar voz "ao apelo sufocado de milhões de migrantes cujos direitos fundamentais são violados, até às vezes, infelizmente, com a cumplicidade das autoridades competentes".
No encontro com cerca de 200 pessoas acolhidas pela instituição, sobretudo da Somália, Eritreia e Sudão, o argentino defendeu que é precisou acolher "com humanidade" cada ser humano, tratando-o pelo que é e não como mais um "número".
"No lugar daquela pessoa numa barcaça ou no mar, que vejo na televisão ou numa fotografia, no lugar dela poderia estar eu, o meu filho ou a minha filha", enfatizou.
Além disso, o Papa agradeceu pelos testemunhos dos migrantes, "porta-vozes de tantos irmãos e irmãs, obrigados a deixar a pátria para procurar um refúgio seguro", atrás do "sonho da liberdade e da democracia".
Francisco lembrou do naufrágio que aconteceu na última noite, na costa da Líbia, com apenas quatro sobreviventes e pelo menos 90 mortos, e rezou por todas as vítimas.
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"Rezemos para sermos salvos de outro naufrágio que se consuma ao mesmo tempo que acontecem estes fatos: é o naufrágio da civilização, que ameaça não só os refugiados, mas todos nós", advertiu.
A intervenção do Papa em Malta recordou o drama de "milhares de pessoas" que fogem da violência e da miséria, como acontece na Ucrânia, , bem como "as histórias de muitos outros homens e mulheres que, à procura de um lugar seguro, tiveram de deixar a própria casa e nação na Ásia, na África e nas Américas".
Por fim, o Santo Padre destacou que esta é uma separação que deixa "marcas" e só pode ser superada quando se encontram "pessoas acolhedoras que saibam ouvir, compreender, acompanhar".
Por isso, pediu para os centros de acolhimento serem "lugares de humanidade".
Jornalistas
O Pontífice deixou o Aeroporto Internacional de Malta por volta das 17h50 (horário local) e chegou em Roma às 20h29. No avião, ele também recordou os jornalistas que morreram durante a guerra na Ucrânia e elogiou o papel da imprensa ao serviço do "bem comum".
"Gostaria de apresentar as condolências pelos vossos colegas que morreram", disse ele aos jornalistas que o acompanharam no voo de regresso a Roma.
De acordo com o religioso, o trabalho do jornalista é "pelo bem comum" e "essas pessoas morreram em serviço pelo bem comum. Pela informação". "Não nos esqueçamos delas", declarou.
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