O Talibã revogou a autorização para que meninas frequentem escolas no Afeganistão. O retorno das alunas para as salas de aula estava marcado para esta quarta-feira, sete meses após o grupo extremista assumir o poder do país. Muitas estudantes saíram de suas casas nesta manhã, mas foram mandadas de volta ao chegarem nos colégios. Na capital, Cabul, algumas foram vistas chorando ao receberem a notícia.
"Ficamos todas desapontadas e totalmente sem esperança quando o diretor nos contou. Este também chorou", disse uma jovem à Reuters. Ela não foi identificada por segurança.
O ministério da Educação afegão anunciou na semana passada que escolas para todos os estudantes, incluindo meninas, seriam reabertas no país hoje. Na noite de terça, a Pasta chegou a divulgar um vídeo desejando um bom retorno para as salas de aula. Nesta manhã, porém, o governo decidiu que as meninas não podem frequentar as instituições de educação até a definição de um plano que concorde com as regras da sharia, a lei islâmica.
"Informamos que colégios de Ensino Médio e e todas as escolas que tem estudantes do sexo feminino acima da 6ª série permanecem fechadas até segunda ordem", dizia o comunicado.
"De repente, nos disseram para sair até que outra ordem fosse emitida. O que fizemos de errado? Por que mulheres e meninas devem enfrentar essa situação? Eu não dormia noite inteira pensando que voltaria para a escola", disse à AFP Azimi, que estuda na escola para meninas Zarghona, em Cabul.
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A Missão da ONU no país também se manifestou sobre o caso e condenou a postura do grupo extremista.
"A ONU no Afeganistão lamenta o anúncio de hoje do Talibã de que eles estão estendendo ainda mais sua proibição indefinida de estudantes do sexo feminino acima da 6ª série serem autorizadas a retornar à escola", ressaltou o comunicado.
Algumas universidades públicas do Afeganistão reabriram em fevereiro. Para permitir a participação as alunas mulheres, os estudantes assistiram às aulas separados por sexo.
No seu governo anterior, entre 1996 a 2001, o Talibã barrou mulheres e meninas com mais de 10 anos do acesso à educação. Desta vez, diz que não se opõe ao ensino para mulheres, mas foi vago em relação às regras sobre o assunto. Em algumas províncias, meninas estudam, em outras não.
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