Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil sorrindo
Reprodução/Facebook Lula - 15.02.2022
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil sorrindo

Com o objetivo de ampliar alianças e acenar ao centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se movimenta para redirecionar posições de diretórios locais do PT em até sete estados nos quais o partido defende candidaturas próprias ou chapas restritas à esquerda. Além do Rio, onde Lula garantiu o apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) contra a pretensão de uma ala do partido de lançar o petista André Ceciliano ao governo, há costuras para retirar também o PT de chapas ao Executivo em Minas Gerais, Paraíba, Ceará e Mato Grosso. No Amazonas e no Rio Grande do Norte, a ideia é abrir mão da vaga ao Senado para atrair outras siglas.

O aceno mais recente de Lula ocorreu em Minas, onde o ex-presidente defendeu na semana passada, em entrevista à rádio “Itatiaia”, que o PT apoie a pré-candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo. O partido havia lançado no ano passado o nome do prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira. Na entrevista, Lula afirmou que o PT já deveria ter apoiado a reeleição de Kalil em 2020, em vez de lançar uma candidatura própria pouco competitiva, o que produziu, segundo o ex-presidente, uma situação “vexatória” na capital mineira.

Lula, por ora, planeja manter a pré-candidatura do deputado petista Reginaldo Lopes ao Senado, numa chapa com Kalil. O petista avisou que a aliança é “uma via de mão de dupla”, um recado para o partido de Kalil, que deseja ocupar também a vaga ao Senado na chapa, lançando o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) à recondução.

Segundo interlocutores do prefeito de BH, Kalil passou a avaliar uma migração para o PSB, partido nacionalmente alinhado ao PT, para facilitar um apoio de Lula no cenário de o PSD manter a candidatura de Silveira.

"Esta situação (de Kalil) exige uma solução com certa maestria. Não está descartado ele vir para o PSB, fizemos o convite a ele em dezembro, numa reunião em Brasília, mas tampouco há uma sinalização concreta dele por enquanto" afirmou o presidente do PSB mineiro, deputado Vilson da Fetaemg.

Acordos no Nordeste

Na região Nordeste, onde Lula tem índices mais elevados de intenções de voto de acordo com pesquisas, o ex-presidente já consolidou alianças na maioria dos estados com siglas como PSD e MDB. Na Paraíba, lideranças petistas tentaram declarar apoio ao governador João Azevêdo (PSB). Lula, por sua vez, deu aval para que o ex-governador Ricardo Coutinho, que trocou PSB por PT em 2021 com apoio do ex-presidente, costurasse uma chapa com Veneziano Vital do Rêgo (MDB) como candidato ao governo. Rompido com Coutinho, seu antecessor, Azevêdo também se declara apoiador de Lula. Anteontem, sem citar o atual governador, Lula declarou estar “altamente convencido da necessidade de fazer aliança com o MDB” no estado.

"Com exceção de Pernambuco, que ainda está em definição, o MDB em todo o Nordeste estará com Lula" afirma Coutinho.

Para atrair o MDB no Rio Grande do Norte, Lula acenou em visita ao estado, em 2021, com um apoio para o emedebista Garibaldi Alves retornar ao Senado. Segundo interlocutores da governadora Fátima Bezerra (PT), Lula informou na visita que não há espaço para o senador petista Jean Paul Prates, que assumiu em 2018 como suplente de Fátima, tentar a recondução.

Como Garibaldi pretende concorrer à Câmara dos Deputados, a governadora articulou para lançar ao Senado seu adversário na última eleição, o ex-governador Carlos Eduardo Alves (PDT), primo de Garibaldi. Trata-se de uma tentativa de esvaziar uma eventual chapa de oposição liderada pelo prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), que se reelegeu em 2020 como aliado de Carlos Eduardo. A cúpula do PT, por sua vez, insiste em ter o MDB na chapa de Fátima, ainda que no posto de vice.

Intervenções da direção do PT nos estados para atender a acordos nacionais já ocorreram em outras eleições. Em 2018, o PT retirou as candidaturas de Marília Arraes ao governo de Pernambuco e de José Pimentel ao Senado pelo Ceará para evitar que o PSB declarasse apoio a Ciro Gomes (PDT). Em 2010, a cúpula petista desfez o apoio do diretório do Maranhão a Flávio Dino, à época no PCdoB, e colocou o partido na chapa de Roseana Sarney (MDB) ao governo. Em 1998, a direção nacional retirou a candidatura de Vladimir Palmeira ao governo do Rio para apoiar Anthony Garotinho (PDT).

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Lula tem declarado, em conversas com aliados, que o PT não deve dificultar o apoio de lideranças de partidos de centro nos estados. Na Bahia, mesmo após o rompimento do vice João Leão (PP) com o governador Rui Costa (PT), lideranças petistas admitem reservadamente que Lula não atuará contra Leão. Provável candidato ao Senado na chapa de ACM Neto (União), adversário do PT, o cacique do PP tem garantido que manterá o apoio a Lula.

A política de alianças de Lula em sete estados

Minas Gerais

Lula defendeu que o PT desista de uma candidatura própria ao governo para apoiar o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD. A costura exige desfazer um nó para o Senado: Lula apoia, por ora, o petista Reginaldo Lopes, e o PSD terá o senador Alexandre Silveira.

Amazonas

O PT deve lançar o ex-senador João Pedro ao governo, e já admite abrir mão da vaga ao Senado para a poiar a reeleição de Omar Aziz (PSD).

Rio Grande do Norte

Lula não vê espaço para o senador Jean Paul Prates (PT) tentar a reeleição, e ofereceu a vaga ao ex-senador Garibaldi Alves (MDB). O objetivo é ter o MDB na chapa da governadora Fátima Bezerra.

Rio de Janeiro

Embora uma ala do PT quisesse lançar ao governo o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano, Lula garantiu apoio a Marcelo Freixo para atrair o PSB à aliança nacional.

Ceará

Após reunir-se com Lula em fevereiro, o deputado José Guimarães (PT) disse que o partido apoiará uma candidatura do PDT ao governo, numa costura que pode incluir MDB e PSD. Um grupo de petistas, encabeçado pela deputada Luizianne Lins, queria candidatura própria do PT.

Mato Grosso

A deputada federal Rosa Neide, que mantém interlocução com Lula, tenta uma composição com partidos como PSB, PP e PSD no estado. Outra ala da sigla defende lançar um petista ao governo.

Paraíba

A pré-candidatura de Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, foi endossada por Lula, que declarou estar “amplamente convencido” da aliança. O PT local queria apoiar o governador João Azevêdo (PSB).

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