O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu perceber avanços nas negociações entre o seu país e a liderança da Ucrânia, após quatro encontros de diferentes níveis entre as partes.
Por meio de seu porta-voz, Putin, no entanto, pouco depois reiterou que a ofensiva sobre a Ucrânia prosseguirá até o Ocidente e a Ucrânia atenderem às suas exigências, em mais um sinal de que a Rússia não está disposta a ceder.
Em uma reunião no Kremlin com o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, Putin disse que as sanções ocidentais não impediriam o desenvolvimento russo e que a Rússia acabaria mais forte. Ele então disse que as negociações ucranianas estavam ocorrendo praticamente todos os dias.
— Há certas mudanças positivas, os negociadores do nosso lado me dizem — disse Putin. —Eu vou falar sobre tudo isso mais tarde.
Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reuniram-se na quinta-feira na Turquia, nas negociações de mais alto nível desde o início do conflito. Nenhum avanço aconteceu.
Antes disso, já houve três encontros entre delegações russas e da Ucrânia perto da fronteira entre Ucrânia e Bielorrússia. Houve discussões para corredores humanitários, e alguns chegaram a funcionar, enquanto, em outras partes da Ucrânia, fracassaram. Nesta sexta-feira, houve sinais de que a ofensiva militar russa, há mais de uma semana mais lenta, deve em breve se reintensificar.
Não houve até aqui nenhum sinal de que a Rússia esteja disposta a abrir mão de seus principais objetivos — a deposição de armas por parte da Ucrânia (o que na prática corresponde a uma rendição), que o país aceite um status militar neutro (o que significa não entrar para alianças como a Otan) e desmilitarizado (sem Forças Armadas) e o reconhecimento da Crimeia e das duas repúblicas separatistas do Donbass.
Pouco depois de Putin, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reiterou a posição russa de imposição de exigências. Peskov disse acreditar que a Ucrânia estava discutindo exigências de Moscou com os Estados Unidos e outros aliados, e que, quando o Ocidente cedesse, o conflito chegará ao fim.
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— A Rússia formulou exigências concretas para a Ucrânia para resolver essas questões.Até onde sabemos, essas exigências estão sendo discutidas pelos ucranianos com seus assessores, principalmente os Estados Unidos e países da União Europeia — disse ele. — Vamos esperar. Isso precisa acontecer [o atendimento das exigências]. Em seguida, ele vai acabar.
O presidente Vladimir Putin diz que a "operação militar especial" — eufemismo oficial para invasão militar — na Ucrânia é essencial para garantir a segurança da Rússia, após os Estados Unidos ampliarem os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte até as fronteiras da Rússia e apoiar líderes pró-ocidentais em Kiev.
Peskov também disse que a Rússia age em defesa de populações que falam russo na região do Donbass, no Leste da Ucrânia, onde desde 2014 rebeldes separatistas pró-Moscou enfrentam forças contra forças ucranianas. Peskov classificou a ação ucraniana na região como um “genocídio”.
— Nós, ao longo dos últimos oito anos, temos repetidamente tentado pedir aos nossos colegas ocidentais para colocarem pressão sobre Kiev, e forçar Kiev, para parar de matar seu povo em Donbass e cumprir os acordos de Minsk — disse Peskov, em referência a um pacto de 2015 desrespeitado por ambas as partes. — Além disso, nas últimas décadas, o nosso país tem repetidamente se manifestado sobre como nos sentimos em perigo depois que mudaram a sua infraestrutura militar em nossa direção. Nós não gostamos disso, nos sentimos em perigo e não podemos fechar os olhos para isso.
A integração da Ucrânia, uma tradicional área dentro da esfera de influência russa, à Otan é um objetivo da organização citado na Declaração de Bucareste, de 2008, mas continuava improvável para o futuro próximo. Além dos objetivos militares, o governo autoritário russo incomoda-se com a perda de influência sobre o território ucraniano, que, desde a revolução do Euromaidan de 2014, crescentemente aproxima-se do Ocidente em termos sociais e culturais.
A invasão à Ucrânia viola o direito internacional, que considera agressões militares ataques à soberania de outro país, e já deixou mais de 2,5 milhões de refugiados e um número indeterminado de vítimas civis.