Olaf Scholz, chanceler alemão
Reprodução/Flickr
Olaf Scholz, chanceler alemão

O chanceler alemão Olaf Scholz descartou nesta quarta-feira o envio de caças à Ucrânia pela Alemanha — mesmo sob insistência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky —, um dia após uma oferta da Polônia aos EUA de transferir seus caças MiG-29 de fabricação russa para uma base americana na Alemanha para posteriormente serem enviados às forças de Kiev.

Falando em uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o chanceler Scholz afirmou que a Alemanha forneceu todos os tipos de equipamentos de defesa e enviou armas à Ucrânia.

"Mas também é verdade que temos que considerar com muito cuidado o que fazemos concretamente, e definitivamente aviões de guerra não fazem parte disso", pontuou Scholz.

Mais cedo, o  presidente Volodymyr Zelensky havia pedido aos países ocidentais que tomassem uma decisão "rápida" sobre a proposta polonesa, solicitando às nações que "enviem seus aviões" em um vídeo publicado no aplicativo Telegram. No mesmo dia, governo russo alertou que a proposta polonesa criaria um "cenário potencialmente perigoso".

Na terça, um porta-voz do Pentágono já havia basicamente rejeitado a oferta, afirmando que a proposta de Varsóvia não era "sustentável", mas pontuou que o governo americano continuaria em contato com o polonês e outros membros da Otan, a aliança militar do Ocidente liderada pelos EUA, sobre a questão.

Nesta quarta, no entanto, a Casa Branca e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, foram menos enfáticos sobre uma eventual rejeição. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que autoridades americanas continuam em contato com a Ucrânia e com seus aliados da Otan sobre o envio de caças, afirmando que ainda há questões logísticas sobre se as aeronaves MiG da Polônia devem ser usadas para ajudar a Ucrânia.

Blinken seguiu a mesma linha, dizendo que a questão tem complexidades e que segue em consulta com a Polônia e outros membros da Otan.

A questão em enviar ou não os caças está numa balança dos países ocidentais de até onde eles podem ajudar a Ucrânia após a invasão da Rússia. A Otan já enviou, por exemplo, mais de 17 mil armas antitanque ao governo de Kiev. Por outro lado, rejeitou um pedido de Zelensky de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, já que isso colocaria aeronaves russas e da aliança frente a frente, com efeitos potencialmente catastróficos.

Por isso, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse na terça que a perspectiva de os jatos partirem de uma base dos EUA e da Otan na Alemanha "para voar para o espaço aéreo que é disputado com a Rússia sobre a Ucrânia levanta sérias preocupações para toda a aliança da Otan".

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Na entrevista conjunta com Scholz, o premier canadense Trudeau disse que seu país está enviando mais C$ 50 milhões (R$ 195 milhões) em equipamentos para a Ucrânia, incluindo câmeras usadas em drones.

"Queremos reduzir o conflito", acrescentou Trudeau.

Scholz e Trudeau também disseram que discutiram sobre a cooperação energética, tanto em relação às metas climáticas quanto à crise da Ucrânia, que realçou a dependência da Europa, e particularmente da Alemanha, das importações de petróleo e gás da Rússia.

O Canadá é o quarto maior produtor de petróleo do mundo e o sexto maior produtor de gás natural.

Scholz disse que a Alemanha deve diversificar as matérias-primas utilizadas pela indústria. Questionado se a Alemanha se opunha categoricamente à proibição das importações de energia russa, o chanceler disse apenas que há vários meses vem trabalhando para reduzir sua dependência das importações de combustíveis fósseis.

*com informações de agências internacionais

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