Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional dos EUA
Reprodução/Twitter
Avril Haines, diretora de Inteligência Nacional dos EUA

Apesar dos reveses militares e das dificuldades causadas pelas sanções internacionais, é "improvável" que o presidente Vladimir Putin seja dissuadido e, ao invés disso, ele pode intensificar os ataques na Ucrânia, segundo disse a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Avril Haines, no Congresso nesta terça-feira.

— Nossos analistas estimam que é improvável que Putin será dissuadiado por tais reveses e, em vez disso, pode escalar seu ataque — afirmou Haines durante a audiência anual da Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados sobre ameaças mundiais, onde testemunhou com outros diretores de agências de inteligência.

O diretor da CIA, Willian Burns, reiterou a análise de Haines, dizendo que é improvável que a Rússia recue.

— Acho que Putin está aborrecido e frustrado agora. Ele provavelmente vai dobrar os esforços e tentar destruir os militares ucranianos sem levar em conta as baixas civis — disse Burns.

As autoridades estimam que entre 2 mil e 4 mil soldados russos morreram e afirmaram que Moscou está sentindo os efeitos das sanções, mas que a situação pode ficar muito pior para os ucranianos, com suprimentos de comida e água na capital Kiev possivelmente se esgotando dentro de duas semanas.

Burns também disse que ele e os analistas da CIA não veem como Putin pode cumprir um eventual objetivo de tomar Kiev e substituir o governo do presidente Volodymyr Zelensky por uma liderança pró-Moscou ou por um regime fantoche. Na segunda, o Kremlin amenizou levemente suas demandas e admitiu a continuidade do governo de Zelensky.

Em relação a um suposto uso de armas nucleares, Haines disse que o anúncio de Putin de que estava elevando a prontidão de suas forças nucleares era "extremamente incomum" desde a década de 1960, mas que os analistas de inteligência não haviam observado mudanças na postura nuclear da Rússia além do que foi detectado durante crises internacionais passadas.

— Não observamos mudanças de postura nuclear em toda a força que vão além do que vimos em momentos anteriores de tensões maiores — disse Haines.

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'Desespero' em Kiev

Dados os relatos de que a Rússia está cortando suprimentos básicos para Kiev, onde moram 2,8 milhões de pessoas, o tenente-general Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa, disse que a situação na capital da Ucrânia pode piorar rapidamente.

— Não tenho um número específico de dias de abastecimento que a população tem. Mas com o corte de abastecimento, será um pouco desesperador em, eu diria, de 10 dias a duas semanas — disse Berrier.

Burns também afirmou que os líderes da China estão "inquietos" com os eventos em torno do ataque à Ucrânia, apesar de Pequim não condenar a Rússia ou chamar o ataque de invasão.

— Eles não previram as dificuldades significativas que os russos enfrentariam. Acho que, primeiro, estão inquietos com os danos à reputação que podem advir de sua estreita associação com o presidente Putin, e, segundo, pelas consequências econômicas em um momento em que enfrentam menores taxas de crescimento que eles experimentaram por mais de três décadas — disse Burns. — Acho que eles estão um pouco inseguros sobre o impacto na economia global. E, terceiro, acho que estão um pouco inquietos pela forma como Vladimir Putin aproximou muito os europeus e americanos.

Já o chefe da Agência de Segurança Nacional, o general Paul Nakasone, disse que as autoridades americanas estão "muito focadas" em cibercriminosos que podem conduzir ataques ransomware contra organizações dos EUA. Nakasone disse que ainda está preocupado sobre "atividades cibernéticas projetadas talvez para a Ucrânia e que se espalham mais amplamente para outros países".

*Com informações de agências internacionais

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